O rei Felipe VI da Espanha comunicou nesta terça-feira (26) ao Parlamento que, na falta de um candidato para a chefatura do Governo, será necessário dissolver as câmaras e convocar novas eleições legislativas, seis meses depois das já realizadas.
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O comunicado foi feito após o fracasso de uma proposta de última hora para formar um governo de coalizão de esquerdas que sucedesse o do primeiro-ministro conservador Mariano Rajoy.
Após dois dias de intensas conversas com líderes políticos, o rei Felipe VI constatou que nenhum candidato tinha apoio suficiente para ser empossado por um Parlamento fragmentado.
"O rei comunicou ao senhor presidente do Congresso, Don Patxi López Álvarez, que não formula uma proposta de candidato à presidência do governo", informou a Casa Real em um comunicado, referindo-se ao artigo da Constituição que estabelece que, neste caso, devem ser realizadas novas eleições.
As câmaras serão dissolvidas no dia 3 de maio e novas legislativas serão convocadas, explicou o presidente do Congresso, Patxi López, após uma reunião com o monarca. As eleições estão previstas para acontecer no dia 26 de junho, conforme preveem os prazos constitucionais.
"Não posso nem devo me submeter a uma nova tentativa de posse" por falta de apoio, reconheceu pouco antes o líder socialista Pedro Sánchez (PSOE), que já tinha fracassado em março na sua tentativa de ser eleito líder do governo.
"Era evidente que, para constituir um governo, seria necessário fazer acordos, esse era o mandato das urnas", destacou Rajoy que, apesar de liderar o partido mais votado nas últimas eleições, também não conseguiu atrair aliados.
A Espanha, bloqueada politicamente há quatro meses após tentativas frustradas de negociação entre os partidos para formar um governo, viveu nesta terça-feira durante algumas horas a esperança de evitar as novas eleições, que prolongarão a falta de um executivo por pelo menos mais três meses.
O partido nacionalista valenciano Compromís anunciou durante a manhã que estaria disposto a negociar um governo de coalizão de esquerda com os socialistas do PSOE, o partido radical Podemos e a coalizão comunista Izquierda Unida.
Apesar de terem aceitado a maioria dos pontos do acordo, os socialistas exigiram que o novo governo fosse composto por personalidades "independentes" e liderado por Pedro Sánchez. As condições, contrárias à proposta inicial de formar um governo de coalizão, foram rejeitadas pelos demais partidos.
É "absolutamente inaceitável do ponto de vista do senso comum", respondeu o líder do Compromís, Joan Baldoví. "O PSOE não pode pretender conseguir nossos votos gratuitamente", acrescentou.
As últimas eleições, realizadas em dezembro, foram consideradas históricas pela entrada no legislativo de dois partidos emergentes - Podemos e Ciudadanos - que simbolizavam a esperança da mudança.
Na ocasião, o Partido Popular, de Rajoy, foi o mais votado, mas sem a maioria absoluta de deputados que tinha conseguido eleger em 2011. Sem aliados, o líder conservador renunciou à tentativa de ser empossado pelo novo parlamento.
A missão foi então passada ao socialista Sanchéz, que não conseguiu obter votos suficientes no Parlamento para ser empossado.