MARFIM

Quênia se mobiliza para erradicar comércio ilegal de marfim

Na África, há um risco que em curto prazo, os elefantes desapareçam do continente

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Publicado em 27/04/2016 às 10:48
Foto: TONY KARUMBA / AFP
Na África, há um risco que em curto prazo, os elefantes desapareçam do continente - FOTO: Foto: TONY KARUMBA / AFP
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O Quênia se prepara para queimar no sábado (30) quase todos os seus estoques de marfim em uma tentativa de acabar com o tráfico ilegal deste "ouro branco", responsável pela alarmante diminuição da população de elefantes no continente africano.

Atualmente vivem na África entre 450.000 e 500.000 elefantes e a cada ano 30.000 são abatidos por caçadores ilegais em busca de suas presas, segundo estimativas.

A este ritmo, existe o risco de que no curto prazo estes mamíferos desapareçam do continente.

Apenas na Tanzânia, a população de elefantes passou de cerca de 110.000 em 2009 a 43.000 em 2014, segundo números oficiais.

Para frear esta dinâmica, o presidente do Quênia, Uhuru Kenyatta, presidirá na sexta-feira uma cúpula que reunirá perto de Nanyuki (centro) vários chefes de Estado africanos e organismos de proteção dos animais.

No sábado, o Quênia passará da palavra às ações, com a queima de 105 toneladas de marfim, a maior quantidade já destruída de uma só vez. Também destruirá uma tonelada e meia de chifres de rinoceronte.

"O marfim não tem valor"

"Acreditamos que o marfim não tem um valor intrínseco, razão pela qual decidimos queimar nossos estoques e mostrar a todo o mundo que o marfim só tem valor em um elefante", explica o novo chefe dos serviços de fauna quenianos, Kitili Mbathi.

No entanto, algumas vozes se ergueram, preocupadas com as consequências desta queima em massa sobre o curso do marfim.

O tráfico de marfim, cujo comércio está proibido desde 1989 (com poucas exceções), é sustentado pela demanda asiática, principalmente na China, onde o quilo do marfim é negociado a 1.000 euros.

A China, que endureceu há pouco tempo sua legislação sobre a importação do marfim, autoriza, no entanto, a venda do material comprado antes da proibição de 1989. Para os defensores dos elefantes, este comércio legal pode servir como fachada para as importações clandestinas.

"Vivos, os elefantes representam uma importante fonte de renda para as economias locais, através do turismo, e no longo prazo seu valor é maior quando perambulam pelas savanas e florestas africanas que quando adornam uma lareira ou o pulso de alguém", opina Rob Brandford, diretor do Fundo David Sheldrick para a proteção da fauna.

Tomada de consciência mundial

Além de Kenyatta, que acenderá no sábado a chama que reduzirá a cinzas o marfim, participarão da cúpula os presidentes de Uganda, Yoweri Museveni, de Botsuana, Ian Khama, e do Gabão, Ali Bongo Ondimba.

O objetivo da cúpula de sexta-feira é proporcionar uma tomada de consciência mundial sobre o problema da caça ilegal de elefantes com o objetivo de conseguir a proibição total do comércio de marfim.

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