Bombardeio

Sobreviventes do ataque a hospital no Afeganistão querem justiça

O local foi bombardeado pelas forças americanas em outubro de 2015

Lorena Barros
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Lorena Barros
Publicado em 30/04/2016 às 10:22
Najim Rahim / AFP
O local foi bombardeado pelas forças americanas em outubro de 2015 - FOTO: Najim Rahim / AFP
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Alguns dos sobreviventes do bombardeio americano contra um hospital da ONG Médicos Sem Fronteiras (MSF) no Afeganistão em outubro passado querem um julgamento público e consideram inaceitáveis as conclusões da investigação militar americana.

"Foi um bombardeio intencional das forças americanas e lamentamos que não reconheçam que se trata de um crime de guerra. Para nós, é inaceitável", declarou Hamdulá, de 27 anos, que trabalhava no hospital e cujo tio morreu no ataque. "Devem ser julgados publicamente", sentenciou.

Na véspera, o Pentágono declarou que o bombardeio contra o hospital da MSF na cidade afegã de Kunduz aconteceu devido a uma série de erros e deve ser punido, mas não pode ser considerado um crime de guerra.

Em uma coletiva de imprensa, o general Joseph Votel, do Comando Central das Forças Armadas americanas (Centcom), explicou que no ataque realizado em 3 de outubro de 2015, a tripulação do avião AC-130 não dispunha de uma lista de locais protegidos na região de Kunduz.

"A investigação concluiu que alguns membros do pessoal (militar) não respeitaram as regras de combate e o direito que rege os conflitos armados. Ao contrário, não se concluiu que estes erros sejam um crime de guerra", disse Votel, taxativo, ao revelar um extenso informe com mais de três mil páginas.

Votel argumentou aos jornalistas que o bombardeio do hospital ocorreu devido a "uma combinação de erros humanos, erros de procedimento e falhas técnicas. Nenhum dos militares (envolvidos) sabia que se dirigia a atacar um hospital".

"O termo crime de guerra se reserva aos atos internacionais que buscam, de forma deliberada, transformar em alvo dos ataques civis, lugares ou objetos protegidos", acrescentou o chefe do Centcom.

Segundo autoridades americanas, a aeronave equivocadamente dirigiu seu ataque contra o centro médico onde eram atendidos pacientes com traumas, o que provocou 42 mortes entre pacientes, familiares e pessoal sanitário.

A incursão aérea sobre o hospital, que se prolongou por quase uma hora, ocorreu no âmbito do apoio americano às tropas afegãs para recuperar Kunduz, uma cidade estratégica, na época nas mãos dos talibãs.

Até agora, os Estados Unidos anunciaram sanções disciplinares e administrativas contra dez militares pelos equívocos que levaram ao bombardeio de uma instalação médica. Nesta sexta-feira, a cifra de militares sancionados foi elevada a 16.

A MSF, que pediu a abertura de uma investigação internacional com especialistas independentes, rejeita a versão entregue até agora por Washington e destaca que o ataque é fruto "uma importante negligência das tropas americanas e viola o direito de guerra".

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