IRAQUE

Manifestantes iraquianos ameaçam voltar às ruas de Bagdá

No último final de semana, milhares de manifestantes invadiram a Zona Verde de Bagdá

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Publicado em 02/05/2016 às 14:36
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No último final de semana, milhares de manifestantes invadiram a Zona Verde de Bagdá - FOTO: Foto: AFP
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Milhares de manifestantes iraquianos que no último fim de semana tomaram o Parlamento e uma área ultraprotegida de Bagdá ameaçaram nesta segunda-feira (2) agir novamente se os deputados não aprovarem um novo governo para combater a corrupção.

Neste difícil contexto político, a violência continuava a assolar o país nesta segunda-feira: um ataque com carro-bomba contra xiitas na capital Bagdá deixou ao menos 14 mortos e dezenas de feridos, incluindo várias crianças.

O ataque não foi reivindicado, mas este tipo de atentado é geralmente cometido pelo grupo jihadista sunita Estado Islâmico (EI), que considera a comunidade muçulmana xiita como herética.

Este é o segundo ataque contra xiitas nos últimos três dias. O EI realizou um ataque similar contra peregrinos xiitas no sábado, nos arredores de Bagdá, matando pelo menos 23 pessoas.

Crise política

No último final de semana, milhares de manifestantes invadiram a Zona Verde de Bagdá, um bairro superprotegido que abriga, além do Parlamento, o Palácio presidencial, os gabinetes do premiê e inúmeras embaixadas, entre elas a dos Estados Unidos.

No sábado, uma multidão invadiu a área, depois de várias semanas de protestos para denunciar a falta de ação do Parlamento e para reivindicar um novo governo capaz de aplicar reformas anticorrupção.

O Iraque atravessa uma grave crise política há semanas. Vários partidos se opõem ao projeto do premiê de instaurar um governo de tecnocratas por medo de perder alguns de seus privilégios.

Muitos dos participantes eram simpatizantes do influente líder religioso xiita Moqtada al-Sadr, cuja milícia se mobilizou nas imediações do Parlamento no sábado à noite, retirando-se no domingo, mas ameaçando voltar às ruas caso suas exigências não sejam cumpridas.

Sadr apoia os esforços do primeiro-ministro xiita Haider Al Abadi, que chegou ao poder em setembro de 2014 e que tenta há semanas fazer o Parlamento aprovar uma equipe de governo composta de tecnocratas. Segundo ele, esse gabinete poderia realizar de maneira mais eficaz reformas cruciais de luta contra a corrupção.

Mas os próximos passos políticos no Iraque ainda são incertos. O próprio Sadr viajou ao vizinho Irã, país que apoia os blocos xiitas no Iraque.

Incerteza no Parlamento

Parece improvável que os legisladores iraquianos voltem a se reunir nesta semana, na sequência dos acontecimentos recentes, uma vez que o edifício do Parlamento requer uma limpeza completa após os danos causados pelos manifestantes.

Vários veículos de parlamentares foram destruídos e os próprios legisladores não parecem dispostos a se expor a um novo ataque.

"Foi decidida a realização de uma sessão parlamentar na próxima semana em outro lugar porque o recinto (do Parlamento) foi danificado", declarou à AFP o deputado Abbas Bayati. No entanto, não houve nenhuma declaração oficial a este respeito.

Depois dos confrontos de sábado, Abadi ordenou que os responsáveis pelo tumulto sejam processados, mas as forças de segurança continuavam mantendo distância dos manifestantes hoje na Zona Verde.

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