A disputa pela presidência americana em novembro começa a se desenhar: a menos que aconteça algo muito inesperado, o magnata e populista Donald Trump enfrentará a democrata Hillary Clinton, os dois candidatos estão a um passo de triunfar nas primárias de seus partidos.
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Donald Trump venceu com 53% dos votos republicanos a primária de Indiana na terça-feira (3) contra o senador do Texas Ted Cruz (37%), que anunciou sua retirada da corrida.
Ao final de uma campanha de dez meses e meio, Donald Trump eliminou assim 15 candidatos mais qualificados, entre governadores, senadores e empresário que não conseguiram rivalizar com o bilionário de 69 anos que jamais exerceu qualquer mandato eleitoral.
"Nós queremos unificar o partido republicano", declarou Donald Trump durante um discurso na Torre Trump, em Nova York, durante o qual agradeceu a Ted Cruz por seu gesto de admitir que os eleitores conservadores preferiram outro candidato.
Agora "nós vamos atacar Hillary Clinton", prometeu.
"Vamos devolver à América a sua grandeza. Vocês terão orgulho deste país muito, muito em breve", concluiu Donald Trump.
Apenas John Kasich, governador republicano de Ohio, continuam na corrida contra Donald Trump. Ele prometeu continuar até a convenção de Cleveland, em julho.
Mas, na ausência de qualquer adversário de peso, é provável que o bilionário alcance até o final das primárias, em 7 de junho, a maioria de 1.237 delegados requisitada para ser automaticamente indicado. Ele conta atualmente com 1.053.
Republicanos desunidos
Trump também enviou uma clara mensagem ao presidente do Partido Republicano, Reince Priebus, dizendo que "ele tinha 17 egos, e imagino que agora tenha apenas um", em referência aos 17 pré-candidatos republicanos do início da campanha.
Em mensagem no Twitter, Priebus admitiu que Trump possivelmente será indicado como candidato presidencial em novembro, e pediu a união dos conservadores em torno do polêmico bilionário.
Em caso de um duelo Hillary-Trump, a ex-secretária de Estado de 68 anos partiria como favorita. Ela reúne 47% das intenções de voto dos americanos contra 40,5% para Donald Trump, segundo a média das seis últimas pesquisas realizadas.
Mas o mundo político teme que os seis próximos meses sejam tão imprevisíveis quanto os dez últimos.
O presidente da campanha de Hillary, John Podesta, comentou sobre a estratégia democrata. "Donald Trump tem demonstrado que não é unificador e não têm o temperamento para liderar o nosso país e o mundo livre", disse ele, referindo-se às questões de segurança nacional. "Donald Trump é muito arriscado".
Mas apesar dos milhões de dólares gastos e com o apoio de figuras conservadoras, a frente anti-Trump não encontrou uma arma eficaz para combater o fenômeno Trump.
Ele conseguiu vitórias sem nunca suavizar seu tom ou mudar de tática. Onipresente nos canais de notícias, apresenta-se como um negociador nato, prometendo restaurar o lugar dos Estados Unidos no cenário internacional.
Seu discurso é populista, protecionista e isolacionista. Ele promete construir um muro na fronteira mexicana contra os imigrantes ilegais, defende os trabalhadores cujas fábricas foram realocadas para o México e ameaça a China, que ele acusa de "violar" a América.
Mas a direita americana está longe de fazer coro ao seu discurso. Alguns republicanos ameaçam votar em Hillary Clinton, outros mantêm o sonho de uma convenção disputada.
"Trump começa a campanha geral em uma posição precária. Como vai se reconciliar com o resto do partido?", analisa Larry Sabato, da Universidade de Virginia.
A escolha de seu companheiro de chapa poderia ser uma maneira de obter o apoio dos críticos. Na ABC, Trump garantiu que escolheria um republicano, e "mais do que provável" um eleito.
"Será provavelmente alguém com experiência política (...) Eu gostaria de alguém que saiba interagir com o Congresso, para aprovar leis", ressaltou.
Hillary prepara o jogo
Entre os democratas, na primária democrata em Indiana, o senador de Vermont Bernie Sanders venceu Hillary Clinton, um resultado que lhe permite manter as esperanças, apesar da ampla vantagem da ex-senadora.
Sanders derrotou Clinton com 52,5% dos votos, mas como os democratas distribuem seus delegados de forma proporcional, o resultado não altera de forma perceptível a disputa.
Para reverter a avassaladora marcha de Clinton a caminho da indicação, Sanders precisava vencer de forma esmagadora para reduzir a diferença no número de delegados.
Com 2.176 delegados já em sua conta, Hillary Clinton necessita apenas de 20% dos mil delegados ainda em disputa para selar sua candidatura, que exige 2.383.
O sucesso do septuagenário socialista democrática entre os eleitores com menos de 30 anos será o grande desafio de Hillary Clinton, que deve suas vitórias aos democratas negros e hispânicos e mulheres mais velhas.
"Eu estou realmente focada na transição para a eleição presidencial", disse Hillary Clinton na MSNBC. "A campanha vai ser muito difícil contra um candidato que diz tudo e o seu contrário. Nós não vamos deixar passar nada."