A imprensa estatal norte-coreana chamou nesta quarta-feira (4) Kim Jong Un de o "Grande Sol do século XXI", dois dias antes de um Congresso histórico que vai reafirmar o poder deste jovem líder à frente do regime mais fechado do mundo.
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A preparação do congresso do partido único da Coreia do Norte - anterior aconteceu em 1980 - mobilizou todo o país durante 70 dias, período encerrado na segunda-feira.
O congresso, que começa na sexta-feira (6), permitirá - após quatro anos de purgas, reformas e execuções no topo da hierarquia - pavimentar formalmente a condição de Kim Jong Un como líder supremo e inquestionável da Coreia do Norte.
Para o Rodong Sinmun, jornal oficial do partido, o congresso é um acontecimento quase "sagrado", que permitirá elogiar as conquistas de Kim, tanto na infraestrutura como por seus programas nuclear e balístico.
Pyongyang está submetida a sanções do Conselho de Segurança da ONU e é objeto de duras críticas pela situação na área de direitos humanos. Além disso, o país considera que está ameaçado pelos exercícios militares conjuntos da Coreia do Sul e Estados Unidos.
Mas, para o jornal, há muito a festejar: ao mencionar o arsenal nuclear como uma "espada preciosa", o Rodong Sinmun explica que estas armas são um "feliz tesouro que permitirá muitas coisas nas próximas décadas".
Segurança reforçada
Os especialistas especulam sobre um possível quinto teste nuclear de Pyongyang, pouco antes - ou até mesmo durante -, o congresso, para reafirmar ao mundo o status de potência nuclear da Coreia dp Norte.
"O Norte está em condições de realizar a qualquer momento um teste", afirma o ministério sul-coreano da Unificação.
Pyongyang executou no dia 6 de janeiro seu quarto teste nuclear, seguido em fevereiro de um lançamento de foguete e depois por testes de mísseis de curto e médio alcance.
A Coreia do Norte convidou a imprensa internacional para acompanhar o congresso, mas sem revelar o que pode acontecer no evento. O regime não divulgou nem sequer o tempo de duração.
O último congresso do Partido dos Trabalhadores da Coreia, em 1980, durou quatro dias.
Na época, Kim Jong Un não havia nascido. Seu pai Kim Jong Il havia sido designado como sucessor do fundador do regime, Kim Il-Sung.
De acordo com sites administrados por norte-coreanos e que são acompanhados no Sul, a segurança foi reforçada nas últimas semanas. A entrada e a saída de Pyongyang são monitoradas com atenção.
"Quem tem problemas com as autoridades durante o período de preparação do congresso é considerado um criminoso político, e tratado como tal", informa o site Daily NK.
Durante 70 dias, a imprensa oficial do Norte não fez mais que glorificar os exemplos individuais de altruísmo ou sacrifício, como um casal de camponeses que decidiu trabalhar no dia do casamento ou uma agente de segurança que insistiu em permanecer no posto de trabalho um dia após a morte do marido.
Força
Após a morte de seu pai em dezembro de 2011, muitos analistas não acreditavam nas possibilidades de Kim Jong-Un. Consideravam que o jovem, que estudou na Suíça, não tinha as costas suficientemente largas para sobreviver aos maquiavélicos meandros políticos da Coreia do Norte.
Mas Kim provou o contrário e conseguiu eliminar todos aqueles que considerava desleais dentro do partido, do governo e do exército.
Ele acabou com a estratégia "songun" (o exército primeiro) de seu pai e a substituiu pelo "byungjin", que consiste em realizar ao mesmo tempo o desenvolvimento econômico e os programas nucleares e balísticos.
Analistas acreditam que Kim pode anunciar que o país já dispõe de uma força de dissuasão nuclear, o que permitiria um foco maior no desenvolvimento econômico.