Rodrigo Duterte, que fez uma campanha repleta de provocações, com a promessa de exterminar milhares de criminosos, venceu as eleições de domingo para a presidência das Filipinas.
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Duterte obteve a irreversível vantagem de 6,1 milhões de votos sobre seu adversário mais próximo, Mar Roxas, após a apuração de mais de 88% das urnas, informou o PPCRV, organismo de fiscalização oficial.
Mar Roxas era o candidato do atual presidente, Benigno Aquino. Ele admitiu a derrota.
"É evidente que o prefeito Duterte será o próximo presidente", declarou Roxas.
Após o anúncio dos resultados, Duterte declarou à AFP que aceita "o mandato do povo com muita humildade".
Após a apuração de 91% das urnas, Duterte, 71 anos, tem 38,6% dos votos, contra 23,32% para Roxas. A senadora Grace Poe aparece na terceira posição, com 21,6% dos votos.
"Felicito o prefeito Duterte", declarou Poe aos jornalistas. "É claramente o candidato que lidera os resultados e que foi eleito por uma multidão".
O sistema eleitoral filipino não prevê segundo turno. Portanto, o vencedor da votação, mesmo sem maioria absoluta, garante a presidência do arquipélago do Pacífico ocidental, de 102 milhões de habitantes.
Antes mesmo de obter a maioria irreversível, Duterte já se expressava como o vencedor, ao propor a reconciliação após uma das mais duras campanhas eleitorais da história das Filipinas.
"Quero estender a mão para que possamos começar a curar as feridas agora", disse Duterte aos jornalistas em Davao, a terceira cidade do país, que governou durante quase duas décadas.
Uma nova era autoritária?
Três décadas depois da revolução que expulsou do poder o ditador Ferdinand Marcos, os críticos de Rodrigo Duterte advertiram para o risco de que sua eleição resulte em um novo período conturbado para as Filipinas.
"Preciso da ajuda de vocês para deter o retorno do terror ao nosso país, Não posso fazer isto sozinho", disse no sábado o presidente Benigno Aquino, cuja mãe, Corazón Aquino, liderou o movimento democrático que derrubou Marcos e depois presidiu a nação durante seis anos.
Mas os filipinos, que não viram o crescimento econômico do país resultar em um avanço de seu nível de vida, parecem ter ignorado as advertências e preferiram ouvir o discurso de Duterte contra a elite.
Duterte afirma que para acabar com a pobreza é necessário erradicar o crime. Para isto, prometeu que deixará de lado uma justiça ineficaz e corrupta, ao mesmo tempo que ordenará às forças de segurança a eliminação dos criminosos.
"Esqueçam as leis sobre os direitos humanos", gritou em seu último comício.
"Se for eleito presidente, farei exatamente o que fiz como prefeito. Vocês, traficantes, assaltantes e canalhas, seria melhor que fossem embora, porque vou matá-los", advertiu.
O advogado e prefeito também ameaça estabelecer um governo unipessoal, caso os congressistas não sigam suas orientações.
Em um país no qual 80% dos habitantes são católicos fervorosos, Duterte se permitiu até mesmo ofender o papa Francisco. No discurso de lançamento da campanha no ano passado, chamou o pontífice de "filho da p...", por ter provocado engarrafamentos durante uma visita ao país.
Os filipinos votaram no domingo em eleições locais e nacionais, com mais de 18.000 cargos em disputa, após uma campanha marcada pela violência.
A polícia confirmou a morte de 15 pessoas em ataques relacionados com as eleições. Outras 10 pessoas morreram nesta segunda-feira em vários pontos do país, mas as autoridades alegaram que os incidentes não tiveram impacto nas eleições.
Apesar da média de crescimento anual de 6% nos últimos anos, mais de 25% dos filipinos sobrevivem com renda abaixo da linha da pobreza, o mesmo índice registrado há seis anos.
Há 30 anos o país é governado, tanto a nível local como nacional, por clãs familiares apoiados por importantes empresários, um sistema que aumentou ainda mais a distância entre ricos e pobres.