O presidente de El Salvador, Salvador Sánchez Cerén, anunciou neste sábado (14) que não reconhecerá o governo interino de Michel Temer, por considerar que o afastamento de Dilma Rousseff é "uma manipulação política", que levou "à configuração de um golpe de Estado".
"Analisamos a situação e tomamos a decisão de não reconhecer esse governo provisório do Brasil, porque há uma manipulação política", declarou o presidente Cerén em discurso sobre seu programa "Governando com o povo", na cidade de Izalco, 61 km ao oeste de San Salvador.
Sánchez Cerén afirmou ainda que outra decisão tomada foi convocar a embaixadora salvadorenha no Brasil, Diana Marcela Vanegas. A diplomata recebeu instruções de não participar de qualquer ato oficial do governo Temer.
Para o presidente salvadorenho, o que aconteceu com Dilma "é um fato que, antes na América Latina, há muitos anos, eram golpes dados pelas forças militares, eram golpes militares. Agora, foi uma destituição [SIC]pelo Parlamento, pelo Senado".
Em nota, a Chancelaria salvadorenha ressaltou que o afastamento de Dilma Rousseff "confirma as considerações feitas no Brasil, assim como no nível internacional, no sentido de que assistimos, infelizmente, à configuração de um golpe de Estado".
"Há uma manipulação política", frisou Sánchez Cerén, acrescentando que seu governo se manterá observando o desenvolvimento dos acontecimentos no Brasil, onde - completou - "se está enfraquecendo a democracia".
Desde o governo antecessor de esquerda de Mauricio Funes (2009-2014), El Salvador tornou sua relação com o Brasil mais estreita, sendo esse perfil mantido pelo presidente Sánchez Cerén.
"O governo salvadorenho permanecerá acompanhando os acontecimentos e continuará, conforme sua evolução, atualizando suas medidas sobre a situação no Brasil", declarou o Ministério das Relações Exteriores.