Vários líderes de associações expressaram nesta sexta-feira suas dúvidas sobre a identidade da jovem apresentada na quinta-feira (19) pelo exército como uma segunda sobrevivente das estudantes de Chibok, sequestradas pelo grupo Boko Haram em abril de 2014 na Nigéria.
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Segundo Yakubu Nkeki, presidente da associação de pais de reféns de Chibok, esta jovem "não forma parte das meninas sequestradas em Chibok".
O porta-voz do exército nigeriano, o coronel Sani Usman, anunciou na quinta-feira que o exército auxiliou 97 mulheres e crianças durante uma operação contra os islamitas do Boko Haram ao redor de Damboa, no nordeste da Nigéria. Entre estas vítimas se encontrava Serah Luka, apresentada como uma segunda sobrevivente de Chibok.
Mas o presidente da associação de pais explica ter sido contactado pelo exército quando encontraram Amina Ali, no início da semana, antes que a informação fosse divulgada.
"Fomos capazes de identificá-la e de saber quem eram seus pais", explicou à AFP. Este não foi o caso com a segunda jovem.
Além disso, o exército anunciou que a ex-refém era filha do pastor Luka, e "na lista dos pais só há quatro sacerdotes e nenhum deles tem o nome de Luka", segundo Nkeki.
Outro elemento: de acordo com o comunicado do exército, a jovem anunciou ser originária de Madagali, no estado de Adamawa, mas "nenhuma das meninas é procedente de Madagali".
Um militante pró-direitos humanos estabelecido em Mubi, em Adamawa, que quis permanecer no anonimato, também afirmou que Serah Luka não formava parte da lista de desaparecidas de Chibok.
Uma fonte militar de alto escalão manteve, no entanto, que a jovem era uma das 219 estudantes sequestradas.
"Só revisaremos nosso julgamento se o diretor da escola ou o governo do Estado de Borno questionarem a identidade da jovem", completou.
A primeira das 219 garotas sequestradas, Amina Ali, foi encontrada na última terça-feira por tropas e milícias de autodefesa perto do reduto do Boko Haram no bosque de Sambisa, no estado de Borno, nordeste da Nigéria.
Depois de sua libertação, Amina contou - segundo o movimento "BringBackOurGirls" ("Tragam nossas garotas de volta", em português) - que as demais meninas continuam presas no bosque de Sambisa, onde os islamitas têm vários acampamentos. Seis delas morreram.
Outros reféns libertados garantiram ter visto as meninas de Chibok nesse bosque.
Em abril de 2014, militantes do Boko Haram sequestraram 276 garotas de uma escola de Chibok. O sequestro comoveu o mundo.
Desse total, 57 conseguiram escapar poucas horas depois do ataque, mas não se teve notícia das outras 219 até uma gravação ser divulgada em maio de 2014. Em abril passado, o grupo enviou uma mensagem como "prova de vida" ao governo nigeriano.
Desde 2009, o Boko Haram sequestrou pelo menos 2.000 pessoas, e cerca de 20.000 morreram.