Barack Obama enfatizou que a sua visita na sexta-feira (27) a Hiroshima, a primeira de um presidente dos Estados Unidos a esta cidade devastada em 1945 por uma bomba atômica americana, visava ilustrar os riscos das armas nucleares, no primeiro dia da cúpula do G7 no Japão.
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Os líderes do G7 se lançaram nesta quinta-feira (26) em Ise-Shima, uma pequena cidade costeira na região central do Japão, em uma cúpula cuja agenda inclui os desafios de um crescimento mundial lento, as reivindicações marítimas da China e a crise migratória.
Mas a visita do presidente americano na sexta-feira a Hiroshima, onde 140.000 pessoas foram mortas na manhã do dia 6 de agosto de 1945 por uma bomba atômica americana, parecia ofuscar as discussões do G7.
"Quero enfatizar novamente os riscos reais que existem e o sentido de urgência que todos nós devemos ter", disse o chefe da Casa Branca durante uma coletiva de imprensa.
"O lançamento desta bomba foi uma virada na história moderna", acrescentou. As armas nucleares não estão mais no primeiro plano como estiveram durante a Guerra Fria, mas a possibilidade de um "evento nuclear permanece em nossos pensamentos", ressaltou.
A este respeito, a Coreia do Norte, que realizou em 6 de janeiro seu quarto teste nuclear, apesar das resoluções da ONU, "é uma fonte viva de preocupação para todos nós", acrescentou o presidente americano.
Crescimento lento
A cúpula dos chefes de Estado ou de Governo dos Estados Unidos, França, Grã-Bretanha, Itália, Alemanha, Canadá e Japão acontece com pano de fundo o lento crescimento global.
Todos evocam o equilíbrio que deve ser encontrado entre a política monetária, política fiscal e reformas estruturais. No entanto, as divisões sobre como todos esses aspectos devem ser dosados devem prevalecer durante a cúpula.
O Japão, assim como a Itália, gostaria de ver mais gastos fiscais, uma visão que não é compartilhada pela Alemanha e Grã-Bretanha, o que levanta preocupações paralelas de seus pares com a aproximação do referendo sobre uma possível saída do Reino Unido da União Europeia.
As medidas de segurança foram reforçadas em todo o arquipélago, com milhares de policiais extras implantados para monitorar as estações ferroviárias e terminais marítimos. Tóquio não quer correr nenhum risco depois dos ataques terroristas em Paris e Bruxelas nos últimos meses.
Terrorismo e crise migratória
O G7 discutirá também a luta contra o terrorismo e seu financiamento, uma das prioridades do presidente francês, François Hollande, após os ataques reivindicados pelo Estado Islâmico (EI).
Assim, o G7 pavimentou, por iniciativa de Paris, discussões sobre "a preservação do patrimônio cultural contra a agressão terrorista" após a destruição dos tesouros de Timbuktu, do Museu de Mossul, das ruínas da cidade de Nimrud e dos templos de Palmyra.
Enquanto a Europa enfrenta sua mais grave crise migratória desde a Segunda Guerra Mundial, a migração também estará incluída nas negociações por "iniciativa" da Alemanha.
Em 2015, cerca de 1,3 milhão de migrantes pediram asilo na UE, dos quais mais de um terço em Berlim.
O presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, presente em Ise-Shima, chamou o G7 a "reconhecer que esta é uma crise global", apesar das razões geográficas que representam um pesado fardo sobre os ombros europeus.
"Pedimos o apoio" do G7, "que deve se comprometer a aumentar a ajuda global para atender as necessidades imediatas e a longo prazo dos refugiados e dos países de acolhimento", disse ele.