Após vários dias de tempestades e inundações, o nível do rio Sena atingiu nessa sexta-feira (2) 6,09 metros, o maior registrado nos últimos 30 anos, resultando em medidas de segurança nos principais museus de Paris. Em toda a Europa, o número de mortos pelas inundações já chega a 16.
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Nos museus localizados em ambos os lados do rio, cujas margens estão inundadas, várias coleções foram guardadas em locais seguros, principalmente aquelas expostas nos subsolos.
O Louvre, o museu mais visitado do mundo, foi fechado ao público. "Milhares de obras" foram evacuadas durante a noite "em boas condições", segundo a administração do local.
Por volta da meia-noite, o presidente Francois Hollande foi ao Louvre e conversou com as equipes encarregadas de proteger milhares de obras de arte levando-as para os andares superiores do palácio.
Na margem esquerda, do outro lado do rio, o Museu d'Orsay permanecerá de portas fechadas até terça-feira para uma operação similar.
Em pontes do centro da capital, turistas e parisienses, a pé, de bicicleta ou scooter, paravam para fotografar o Sena que transborda.
"Isso nos faz lembrar que a natureza é mais poderosa do que o homem. Nós não podemos fazer nada, temos que esperar", disse Gabriel Riboulet, um empresário de 26 anos.
Matt Dale, um soldado australiano que visita a França pela primeira vez com sua noiva Sarah Jackson, diz que viu inundações nas áreas rurais do seu país, mas "nunca como esta".
As inundações, causadas por chuvas excepcionais, arrastaram na quinta-feira um cavaleiro que caiu na água ao sudoeste de Paris. Seu cavalo conseguiu voltar para a terra, mas o homem de 74 anos foi encontrado duas horas depois morto no curso do rio.
Na localidade de Montargis, 120 km ao sul de Paris, uma mulher foi encontrada morta nesta sexta-feira.
O sul da Alemanha também foi atingido por fortes chuvas e inundações, e o número de mortos já chega a 11.
Na Romênia, as inundações causaram a morte de dois homens, encontrados afogados no leste do país, e a evacuação de mais de 200 pessoas, informaram as autoridades nesta sexta-feira.
No sul da Bélgica, o corpo de um apicultor arrastado na quinta-feira por um rio transbordado foi encontrado nesta sexta-feira.
Em toda a Europa, o balanço de mortos subiu para 16.
Novo aumento do nível do rio à noite
De acordo com as autoridades francesas, o nível do Sena atingiu na noite desta sexta-feira 6,09 metros, e poderá subir até 6,40 metros.
Este nível elevado deve "se manter relativamente estável durante todo o fim de semana antes de descer", disseram as fontes.
A última grande enchente a atingir a capital francesa foi em 1982, quando o rio atingiu 6,15 metros.
O grande dilúvio histórico que continua a ser o ponto de referência para os parisienses data de 1910. Na ocasião, o rio chegou a 8,62 m de altura e marcas nas docas ainda indicam até onde a água subiu.
Desde terça-feira, o tráfego é proibido no rio, onde barcos a vela, de turismo e barcaças de mercadorias costumam navegar. O tráfico de um trem regional que corre ao longo da margem esquerda foi suspenso.
Perto da catedral de Notre Dame, havia pedaços de troncos de árvores e paletes na água. Na estação de metrô Pont-Neuf, os agentes se ocupavam nesta tarde de limpar a estação com esfregões e protegê-la com sacos de areia.
"Ainda não podemos dizer que há uma ameaça à população", indicou a prefeita de Paris, Anne Hidalgo.
Medo de novas vítimas
A ministra francesa do Meio Ambiente, Ségolène Royal, afirmou nesta sexta-feira que "teme descobrir (outras) vítimas", com o declínio dos níveis da água, que "será muito lento" em todas as regiões alagadas.
Um total de 13 departamentos da região de Paris e do centro da França permanecem em estado de alerta. Desde o início das chuvas na semana passada, 5.000 pessoas foram evacuadas e 19.000 casa estão sem eletricidade.
Diante dos danos materiais significativos, o "estado de catástrofe natural será reconhecido", prometeu o presidente François Hollande.
A catástrofe meteorológica na França acontece em meio a um ambiente de tensão social e político, com greves e paralisações em vários setores, principalmente no dos transportes públicos, paralisado pelo terceiro dia consecutivo.