Greenpeace

Ativistas escalam Obelisco de Buenos Aires por geleiras e contra mineradora

Os ativistas também exibiam cartazes para pedir por fechamento de uma mineradora responsável por contaminar rios com cianureto

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Publicado em 09/06/2016 às 19:13
Foto: EITAN ABRAMOVICH / AFP
Os ativistas também exibiam cartazes para pedir por fechamento de uma mineradora responsável por contaminar rios com cianureto - FOTO: Foto: EITAN ABRAMOVICH / AFP
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Ambientalistas do Greenpeace escalaram nesta quinta-feira o emblemático Obelisco de Buenos Aires para pedir ao presidente argentino, Mauricio Macri, uma maior proteção às geleiras e o fechamento da mineradora canadense Barrick Gold, responsável por contaminar rios com cianureto.

 

"Macri, salve as geleiras", indicava uma enorme faixa verde que dois escaladores penduraram no Obelisco, emblema da capital argentina, em uma ação inesperada para reclamar a aplicação da lei de Glaciares, aprovada em 2010, que proíbe as atividades que possam afetar estas reservas de água.

A polícia deteve sem incidentes os dez ativistas que realizaram o protesto. 

Os manifestantes exibiam também cartazes verdes com uma petição a Macri para "fechar Veladero", a mina de ouro e prata explorada pela transnacional canadense em San Juan, na Pré-Cordilheira dos Andes.

"O presidente tem a oportunidade histórica de fechar Veladero porque opera em uma área proibida pela lei para esse tipo de exploração, recorremos a ele ante o silêncio do governo sanjuanino", disse à AFP Gonzalo Strano, coordenador do Greenpeace.

Dois escaladores enfrentaram por mais de um hora o vento de uma fria manhã de inverno para pendurar a imensa faixa, enquanto dezenas de transeuntes registravam o protesto com seus telefones celulares. 

"É triste ver como a paisagem mudou em San Juan desde que a Barrick chegou: a montanha está irreconhecível, a represa Ullúm, onde eu brincava quando era criança, está seca porque eles retém a água em cima para a mina", explicou Raúl Pacheco, sanjuanino de 53 anos que trabalha como informático em Buenos Aires.

Mas Pacheco justifica as razões para manter a mina: "A cebola, plantação característica de San Juan, já não é rentável, os terrenos são menores pela falta de água e as uvas, de pior qualidade".

"Nesse panorama, o fato de que os jovens trabalhem na mina e desçam a montanha com os bolsos cheios é muito importante para a economia provincial", disse.

A mineradora canadense foi multada em março deste ano em 9,3 milhões de dólares por um derramamento de cianureto que contaminou três rios. Nove executivos foram processados. 

O incidente aconteceu em 12 de setembro de 2015 na mina localizada 370 km ao noroeste da capital da província de San Juan, 4.000 metros acima do nível do mar.

A empresa pediu desculpas e defendeu a "reconstrução de um caminho de confiança com a comunidade". 

Por outro lado, "a lei de Glaciares ordena realizar um inventário nacional de geleiras para saber se estão sendo realizadas atividades que os afetem", afirmou Strano. A norma, no entanto, não foi aplicada em San Juan, onde opera a Barrick.

Pouco depois de pendurarem a faixa, os ativistas foram presos. Um guindaste e dois caminhões de bombeiros removeram o cartaz, de mais de 40 metros de comprimento.

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