Muitos dos "Nemos", ou peixes-palhaço, presos em aquários de crianças são capturados com cianureto - alertaram pesquisadores, que também denunciaram o perigo que essa prática tóxica representa para os corais.
A estreia do filme "Procurando Dory" nesta sexta-feira (17) nos cinemas americanos - no Brasil, a sequência de "Procurando Nemo" será lançada em 30 de junho -, desenho animado sobre um peixe azul chamado cirurgião-patela que vive em recifes (Paracanthurus hepatus), provavelmente aumentará a venda dessa espécie tropical e a sua pesca, que utiliza veneno com cianureto, denuncia um relatório da ONG For the Fishes.
Depois do primeiro filme da franquia, mais de um milhão de peixes-palhaço (Amphiprioninae) já foram capturados de recifes tropicais, disse Craig Downs, do Laboratório Ambiental Haereticus da Virgínia (leste dos Estados Unidos), instituto de pesquisa que elaborou o relatório junto com a For the Fishes.
Uma das formas mais comuns - apesar de ilegal - de capturar esses peixinhos coloridos é usando cianureto.
"Para pegá-los, você coloca cianureto no peixe, ou ele vai para essa nuvem de cianureto e fica atordoado", afirmou Downs, em entrevista à AFP por telefone.
Mais da metade dos aquários de água salgada comprada pelos pesquisadores em lojas de animais deu positivo para teste de cianureto, segundo o relatório.
Os resultados seriam similares em qualquer outro país, já que a maioria dos peixes de aquário provém do mesmo fornecedor, completou Downs. Segundo ele, no ano que vem serão realizados testes em lojas da Europa.
A equipe aplicou o teste em mais de 100 peixes, incluindo os azuis, como a Dory, dos quais cerca de 300.000 exemplares são vendidos todo ano, segundo um informe recente.
Os peixes azuis são vendidos nos aquários por até US$ 170 o exemplar, segundo Downs. "Todos os peixes como 'Dory', ou 'Nemo', que eu comprei têm - salvo um - altos níveis de resíduos de veneno", reforçou Downs, acrescentando que eles "não sobreviveram mais de nove dias depois da compra".