A guerrilha Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) marcou a sangue e fogo a história da Colômbia nos últimos 52 anos, em uma frustrada luta pelo poder que chegará ao fim após o cessar-fogo firmado nesta quarta-feira (22) em Havana.
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O anúncio antecedeu a assinatura da paz, esperada para as próximas semanas. Confira abaixo as principais datas em cinco décadas de confronto:
- A fundação
A data de 27 de maio de 1964 é considerada fundacional das Farc. Foi quando aconteceu o primeiro combate de um grupo de camponeses, liderados por Manuel Marulanda Vélez ("Tirofijo"), que resistiam à ofensiva militar em Marquetalia, centro da Colômbia. A localidade é considerada pelo governo conservador de Guillermo León Valencia uma "república independente" de influência comunista.
- Três processos de paz fracassados
A primeira tentativa de negociação de paz entre o governo e as Farc começou em 28 de março de 1984, quando o presidente Belisario Betancur e a guerrilha instalaram uma mesa de diálogos em meio a uma trégua bilateral. Essas conversas fracassaram em 1987, assim como outras duas, iniciadas em 1992 com o presidente César Gaviria e, em 1999, com o presidente Andrés Pastrana. Esse último processo, que se estendeu até 2002, ficou conhecido como "Diálogos do Caguán", pela região de 42.000 km2. O presidente ordenou a desmilitarização dessa área no sul do país.
- Ofensiva rebelde
Os anos 1990 foram marcados por uma estratégia de guerra das Farc que incluiu ataques a povoados, bases militares e quartéis de polícia. Os rebeldes também recorreram ao sequestro de civis para pedidos de resgate. A tomada da cidade amazônica de Mitú, em 1998, com saldo de 43 mortos e 61 sequestrados, e o massacre de Bojayá em 2002, onde 119 pessoas morreram em uma igreja refugiando-se de combates, marcaram essa época.
Talvez o fato mais lembrado pelo mundo seja o sequestro, em 2002, da pré-candidata presidencial colombiano-francesa Ingrid Betancourt, libertada seis anos depois pelo Exército. Seu cativeiro se tornou o símbolo do drama dos civis, policiais e militares detidos na Colômbia, alguns com até dez anos de cativeiro.
- Reação do governo
No dia 7 de agosto de 2002, quando Álvaro Uribe assume o governo com a promessa de derrotar militarmente as Farc, a guerrilha atacou a sede presidencial, matando 21 pessoas em uma zona próxima. Em oito anos de mandato, Uribe impôs duros golpes à guerrilha. Após a morte - por aparente causa natural - do líder e fundador das Farc, "Tirofijo", o rebelde Raúl Reyes, responsável internacional da guerrilha, foi abatido em uma operação do Exército colombiano no Equador, na zona da fronteira comum. A quebra da liderança das Farc prosseguiu em 2010, já com Santos na presidência. Primeiro morreu o chefe militar Jorge Briceño ("Mono Jojoy") e, em seguida, Alfonso Cano, sucessor de "Tirofijo".
- Fim do confronto
Após a escalada militar, por iniciativa do presidente Santos e do novo líder das Farc, Timoleón Jiménez ("Timochenko"), as duas partes iniciam formalmente, em 18 de outubro de 2012, um diálogo de paz em Oslo, cuja mesa de negociações é instalada em Havana, tendo Cuba e Noruega como fiadores.