EUROPA

Theresa May é favorita para guiar Reino Unido para fora da UE

May se pronunciou (timidamente) a favor da UE durante a campanha

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Publicado em 01/07/2016 às 12:41
Foto: FRANTZESCO KANGARIS / AFP
May se pronunciou (timidamente) a favor da UE durante a campanha - FOTO: Foto: FRANTZESCO KANGARIS / AFP
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A ministra do Interior, Theresa May, se perfila como a próxima primeira-ministra britânica e, como tal, precisará tirar o Reino Unido da UE contra a sua própria vontade.

May quis acabar com todas as especulações na apresentação de sua candidatura para substituir David Cameron à frente do Partido Conservador e, automaticamente, do governo, ao afirmar categoricamente que "Brexit é Brexit" e que executaria o mandato do referendo de 23 de junho.

Mas May também afirmou que não ativará imediatamente o artigo 50 do Tratado Europeu de Lisboa, que tornaria praticamente irreversível a saída britânica, até o próximo ano e que as negociações podem se prolongar durante anos.

De qualquer forma, May, de 59 anos, filha de um vigário, assim como a líder alemã Angela Merkel, começou a receber apoios das primeiras forças do Partido.

"Theresa é a melhor pessoa para liderar nossa saída da UE e reduzir, assim, a imigração e recuperar nossa soberania, ao mesmo tempo em que protege nosso crescimento econômico", disse o ministro da Defesa, Michael Fallon.

É certo que May se pronunciou (timidamente) a favor da UE durante a campanha, mas também que em seus seis anos à frente do ministério do Interior colocou no centro o combate à imigração irregular, algo que sintoniza bem com o campo do Brexit.

Como a punhalada a Thatcher

May deve suas boas perspectivas nas primárias à desistência de Boris Johnson, que decidiu não disputar o cargo, agindo "como um general que abandona seus homens ao chegar ao campo de batalha", nas palavras de Michael Heseltine, uma figura conservadora que participou do complô que acabou com Margaret Thatcher em 1990.

Aquela "punhalada", contra Thatcher, foi comparada à desferida em Johnson pelo ministro da Justiça, Michael Gove. Este havia sido o escudeiro do ex-prefeito de Londres durante a bem-sucedida campanha do Brexit.

Quando parecia que a dupla iria repetir a parceria nas primárias, Gove deu as costas a Johnson e se apresentou sozinho. Ele já era criticado por ter enterrado a carreira de seu "amigo" Cameron com uma primeira traição.

"Boris tem qualidades formidáveis (...), mas posso recomendá-lo aos meus amigos como primeiro-ministro?", disse Gove na quinta-feira, justificando sua atitude. Nesta sexta-feira, explicará seu programa em uma coletiva de imprensa.

Pedem a Gove que abra caminho

O histórico conservador Ken Clarke, deputado desde 1970 e ministro em vários governos conservadores, estimou que Gove não é confiável e pediu que ele se afaste e abra caminho para May.

"Não é muito encorajador que tenha agido como braço direito de Boris durante toda a campanha do referendo" e depois o tenha traído, disse Clarke sobre Gover. "Não queremos somar a esta tragédia um ar de farsa", acrescentou, pedindo que desista.

Os cinco candidatos que desejam suceder Cameron são May, Gove, o secretário de Estado de Trabalho e Aposentadorias Stephen Crabb, o ex-ministro da Defesa Liam Fox e a secretária de Estado de Energia Andrea Leadsom.

Como há mais de um candidato, os deputados elegerão dois finalistas. Ambos serão, então, submetidos ao voto dos 150.000 afiliados. No dia 9 de setembro o novo líder conservador e primeiro-ministro será conhecido.

Corbyn perde apoio dos militantes

No Partido Trabalhista também reina a incerteza, depois que a maioria de seus deputados aprovou uma moção de censura contra seu líder, Jeremy Corbyn.

Uma parte do partido o critica por sua falta de carisma e sua posição ambígua na campanha da UE, onde 37% dos trabalhistas votaram a favor da saída.

O poder do líder trabalhista se apoia agora apenas nos militantes que o elegeram por esmagadora maioria em setembro de 2015.

No entanto, uma pesquisa publicada nesta sexta-feira (1º) pelo jornal The Times, realizada pelo YouGov, revelou que os militantes seguem apoiando-o, mas menos: 50% querem que siga e 47% não, uma proporção inferior aos 64%-33% de maio.

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