O responsável pela tragédia na cidade francesa de Nice, o franco-tunisiano Mohamed Laouiaej-Bouhlel, teve depressão no início dos anos 2000 e não tinha vínculos com a religião - disse seu pai à AFP, na Tunísia.
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"De 2002 a 2004, houve problemas que provocaram uma depressão nervosa. Ele ficava raivoso, ele gritava, ele quebrava tudo que encontrava diante dele", contou Mohamed Mondher Lahouaiej-Bouhlel, na frente de casa na cidade de Msaken, no leste da Tunísia.
Ele conta que a família levou o filho ao médico, que lhe prescreveu remédios para lutar contra essas crises nervosas. O pai também descreve Mohamed como um homem "sempre sozinho, sempre deprimido" e que não gostava de falar.
De cabelos brancos e rosto tensionado, o pai do autor do massacre de 14 de Julho afirmou que sua família na Tunísia quase não tinha contato com ele desde que foi para a França. Ele não soube indicar seu filho partiu.
"Quando ele foi para a França, não soubemos mais dele", insistiu, acrescentando que "não tinha vínculo algum com a religião".
"Ele não fazia a reza, não jejuava, bebia álcool e até se drogava", contou.
"Também estamos chocados", desabafou.
Nascido em 31 de janeiro de 1985, em Msaken, subúrbio de Sousse, na Tunísia, Mohamed Lahouaiej-Bouhlel se casou com uma francesa de origem tunisiana de Nice, com quem teve três filhos, entre eles um bebê.
Segundo o pai, o rapaz "não estava em bons termos com sua ex-mulher.
Investigação de laços com Islã
Os vínculos do autor da matança de Nice com o Islã radical têm sido investigados com cautela, em meio às versões contraditórias do próprio governo.
O primeiro-ministro francês, Manuel Valls, declarou na noite de sexta-feira: "É um terrorista, sem dúvida, ligado ao islamismo radical, de uma forma ou de outra".
Mas o ministro do Interior francês, Bernard Cazeneuve, recusou-se, no entanto, a confirmar que o homem tivesse ligações com o Islã radical.
Os comunicados e publicações desta sexta-feira do grupo extremista Estado Islâmico (EI) não mencionam o massacre em Nice, que deixou mais de 80 mortos nesta cidade do sudeste da França.
Nem os comunicados da organização extremista, nem da agência Amaq, ligada ao EI, ou a rádio dos extremistas mencionaram o ataque que, segundo o procurador de Paris, François Molins, corresponde "exatamente aos chamados permanentes de morte" dos extremistas.
O EI - que desde 2014 controla amplos territórios no Iraque e na Síria - reivindicou vários atentados mortais, que deixaram dezenas de mortos em França, Bélgica, Estados Unidos e em países árabes.
Apesar do silêncio do EI após o massacre em Nice, partidários do grupo extremista comemoraram o ataque nas redes sociais.