O Reino Unido, que se prepara para iniciar negociações para sair da União Europeia (UE), renunciou a exercer no próximo ano a presidência semestral do bloco, informou nesta quarta-feira (20) o gabinete da primeira-ministra, Theresa May.
Londres deveria assumir a presidência do Conselho Europeu no segundo semestre de 2017, depois de Malta e antes da Estônia.
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May comunicou na véspera esta decisão ao presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, na primeira conversa telefônica entre ambos desde que a chefe de governo conservadora substituiu na semana passada David Cameron no cargo.
A decisão faz parte do processo do Brexit, ou ruptura com a UE, aprovada pelos britânicos em um referendo no dia 23 de junho.
"A primeira-ministra sugeriu que o Reino Unido deveria renunciar à presidência rotativa do Conselho (Europeu), prevista para a segunda metade de 2017, ressaltando que (naquele momento) deveremos estar dando prioridade às negociações para deixar a União Europeia", disse uma porta-voz de Downing Street.
"Donald Tusk acolheu com satisfação a rápida decisão da primeira-ministra sobre este tema, que permitirá ao Conselho tomar disposições alternativas", acrescentou.
O Conselho Europeu está integrado pelos governos dos 28 países que atualmente formam a UE, que se alternam em sua presidência de forma semestral.
Atualmente esta instância está nas mãos da Eslováquia e no primeiro semestre de 2017 será a vez de Malta, que deveria passar o cargo no dia 1º de julho ao Reino Unido.
Os embaixadores do bloco se reuniram nesta quarta-feira para decidir quem iria exercer o mandato deixado vago por Londres.
Ficou decidido que a Estônia adiantará o início de sua presidência por seis meses e que as presidências posteriores seguirão a ordem prevista atualmente.
Na conversa com Tusk, May reiterou que espera que as negociações de separação, depois de 43 anos de pertencimento de seu país ao bloco, ocorram com "um espírito pragmático e construtivo", mas destacou a necessidade de agir sem precipitação.
Tusk, segundo a porta-voz de May, "disse à primeira-ministra que ajudará para que o processo seja o mais suave possível".
"Donald Tusk acolheu com satisfação a rápida decisão da primeira-ministra sobre este tema, que permitirá ao Conselho tomar disposições alternativas", acrescentou.
- Primeiros contatos -
May inicia nesta quarta sua primeira viagem oficial, que deve levá-la à Alemanha e à França.
"As conversas deverão permitir o estabelecimento de relações de trabalho sólidas com seus principais sócios europeus para explicar por que seu governo precisa de tempo para iniciar formalmente o processo de separação", indicaram seus serviços de comunicação.
Em Berlim, manterá um jantar de trabalho com a chanceler alemã Angela Merkel e, na quinta, será recebida pelo presidente francês François Hollande, com quem abordará a luta contra o terrorismo, o Brexit e outros assuntos de interesse bilateral.
Merkel exigiu, após o referendo do Brexit, um esclarecimento rápido das intenções britânicas, mas depois mostrou-se mais disposta que Hollande e outros dirigentes europeus a dar tempo a May.
Punir Londres por causa do Brexit "não seria um bom caminho para as próximas gerações", enfatizou o presidente alemão Joachim Gauck, em uma entrevista ao jornal Bild.
Uma flexibilidade se afina com os interesses da principal potência econômica europeia, já que a Alemanha destina 8% de suas exportações ao Reino Unido, onde estão implantadas inúmeras empresas alemãs.