A ONU pediu um acesso humanitário imediado aos cerca de 1,5 milhão de habitantes em Aleppo, onde, em seus arredores, combates opunham nesta terça-feira o regime e os rebeldes, que se preparam para uma batalha pelo controle desta que é a segunda maior cidade da Síria.
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Nos combates, o regime é apoiado pela aviação russa e por combatentes iranianos, iraquianos e do Hezbollah libanês, enquanto os grupos rebeldes contam com o apoio da poderosa organização extremista islâmica Fateh al-Sham (ex-Frente al-Nosra que rompeu com a Al-Qaeda).
Ambos os lados têm recebido reforços significativos em homens e armas em Aleppo e seus arredores, depois que os rebeldes quebraram no sábado o cerco imposto pelo regime às zonas sob controle rebelde na cidade dividida desde 2012.
Aproveitando esta contra-ofensiva, os rebeldes cercaram parcialmente os bairros pró-regime em Aleppo, antes de anunciar a sua intenção de tomar toda a cidade, no que seria o maior desafio do conflito que devasta o país há mais de cinco anos.
Centenas de milhares de civis estão bloqueados em Aleppo, sofrendo com a escassez de alimentos e produtos básicos, o que levou a ONU a alertar para a situação.
"A ONU está pronta para ajudar a população civil de Aleppo, uma cidade unida no sofrimento", afirmou o coordenador humanitário da ONU para a Síria, Yacoub El Hillo, e o coordenador regional, Kevin Kennedy.
Os estoques de alimentos e medicamentos estão "em um nível perigosamente baixo", advertiram, apelando para "tréguas humanitárias semanais de 48 horas".
'Situação catastrófica'
Regime e rebeldes ainda conseguem levar alimentos e outros produtos para as áreas sob o seu controle, mas estas rotas não são seguras o suficiente para os civis.
"Toda a cidade está sem água corrente há quatro dias. As crianças e famílias em Aleppo estão enfrentando uma situação catastrófica", declarou o Fundo da ONU para a Infância (Unicef).
"Esta escassez de água ocorre em plena onda de calor, expondo as crianças a sério risco de doenças", ressaltou Hanaa Singer, representante do Unicef na Síria.
Segundo a ONU, dois milhões de pessoas "vivem com medo de serem sitiadas", incluindo 275.000 no leste de Aleppo.
Especialistas estimam em 1,2 milhão a população na área governamental e que cerca de 250.000 na área rebelde.
O regime havia cortado em 17 de julho a rota Castello ao norte de Aleppo, a última de abastecimento para os insurgentes. Mas no último sábado, os rebeldes conseguiram romper o cerco, tomando o distrito de Ramoussa, ao sul de Aleppo. Era por este setor que transitavam os produtos para as zonas do governo.
'Mãe de todas as batalhas'
Nesta terça-feira, os combates ocorriam perto de Ramoussa. Mas "a grande batalha ainda não começou", garantiu à AFP Yasser Abdelrahim, um comandante rebelde, acrescentando que os preparativos estavam em curso.
"Esperamos mais reforços e tentamos identificar os pontos fracos do inimigo", indicou.
Além destas batalhas, os bombardeios do regime continuavam no leste de Aleppo, onde três civis foram mortos, segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH).
Ahmad, um residente de um bairro governamental perto de Ramoussa, afirmou à AFP que "muitos soldados estão concentrados na entrada da área. A situação é assustadora".
"A batalha de Aleppo é talvez uma das batalhas mais simbólicas e mais estratégicas na Síria", considera Charles Lister, do Middle East Institute.
"Embora seja muito improvável que a oposição tome toda a cidade, ter quebrado o cerco enviou uma mensagem importante sobre a natureza incansável da rebelião", afirma em uma análise publicada na internet sob o título "Aleppo, a mãe de todas as batalhas".
O conflito na Síria já fez mais de 290.000 mortos, levados a fugir mais da metade da população e provocou uma grave crise humanitária.