CAPITALISMO

Primeiro voo comercial entre Cuba e EUA desde 1961 marca nova era

Em 1961, o tráfego aéreo foi suspenso vítima da Guerra Fria

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Publicado em 31/08/2016 às 11:59
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Em 1961, o tráfego aéreo foi suspenso vítima da Guerra Fria - FOTO: RHONA WISE / AFP
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A companhia aérea americana JetBlue dá início nesta quarta-feira (31) a uma nova era nas relações entre Cuba e Estados Unidos ao enviar o primeiro voo comercial à ilha depois de mais de 50 anos.

O aeroporto de Fort Lauderdale (sudeste da Flórida) estava em festa. Diante da porta de embarque da JetBlue, uma banda de salsa ao vivo cantava clássicos como "Guantamera" e "Me voy pa'Mayari", encorajando os jornalistas e visitantes a dançar.

Com um batismo com um jato d'água e seus 150 assentos vendidos, o voo 387 da JetBlue parte às 09h45 locais (10h45 de Brasília) e chegará a Santa Clara, 280 km a leste de Havana, pouco mais de uma hora depois.

"Às vezes lembramos grandes momentos da história", disse à AFP Mark Gales, chefe executivo do aeroporto, mencionando a queda do muro de Berlim e a chegada do homem à Lua.

Parafraseando a famosa frase de Neil Armstrong, o primeiro ser humano que pisou na Lua, acrescentou: "Este é um pequeno voo para os passageiros, mas um enorme avanço na reconexão da humanidade".

Os passageiros começaram a embarcar em meio a aplausos, gritos, lágrimas e balões coloridos.

Um deles, Domingo Santana, de 53 anos, foi o primeiro a comprar a passagem do primeiro voo comercial a Cuba depois de ter deixado a ilha quando tinha seis anos.

"Estou muito orgulhoso, muito emocionado", disse Santana. "Nunca fui ao meu país, não conheço meu país. É uma grande oportunidade".

"Esta reabertura nos beneficiou", comentou outra passageira, Aleisy Barreda, de 46 anos. "Não apenas em preços, mas também em facilidades para comprar as passagens. Agora só falta ter mais férias!".

O secretário de Transporte americano, Anthony Foxx, viajará a Cuba "coincidindo com este voo inaugural", informou nesta terça-feira o ministério de Transporte da ilha. 

Este é o primeiro voo regular entre os dois países desde 1961, quando o tráfego aéreo foi suspenso vítima da Guerra Fria.

Washington e Havana acordaram em fevereiro deste ano restabelecer os voos comerciais, em um ponto de viragem no progressivo restabelecimento dos laços diplomáticos que começou em julho de 2015.

"É um marco histórico nas relações entre os dois países", comentou à AFP Jorge Duany, diretor do Instituto de Investigações Cubanas da Universidade Internacional da Flórida (FIU).

Os voos regulares "permitirão um movimento mais fluído de pessoas, mercadorias, informação e ideias entre dois lugares muito próximos geograficamente, mas muito distantes politicamente", acrescentou.

Cuba, na moda

O embargo de Washington ainda proíbe o turismo em Cuba, mas os americanos podem viajar dentro de outras 12 categorias. As mais utilizadas são o intercâmbio cultural ou educacional.

"Há muito interesse em Cuba, é um lugar que está quente agora, ficou na moda", disse Frank González, dono da agência Mambí Tours, que oferece pacotes para americanos com estúdios de música ou candomblé.

Desde que no ano passado foi liberada a possibilidade de viajar a Cuba, as visitas bateram um recorde: 161.000 em 2015, 77% mais que no ano anterior, de acordo com o ministério do Turismo da ilha.

Desde 1979, os voos "charters" supriram a demanda e até esta semana havia apenas trinta voos diários.

Normalmente, a passagem em um charter a Cuba custa entre 400 e 500 dólares, enquanto a JetBlue cobrará 99 dólares a ida e cerca do dobro ida e volta.

O voo inaugural é pilotado pelo capitão Mark Luaces e pelo primeiro oficial Francisco Barreras, ambos americanos de pais cubanos, informou JetBlue.

Será inaugurado com um "saúdo com canhão de água", uma tradição na aeronáutica na qual os aviões são banhados antes de partir pela primeira vez a um destino.

Este voo inicial será seguido na quinta-feira por um da Silver Airways, também a Santa Clara, e depois pelos da American Airlines, a partir de 7 de setembro.

Ao longo dos próximos meses a regularidade dos voos aumentará até chegar a 110 diários, 20 deles a Havana.

As autoridades americanas ainda não decidiram quais companhias servirão à capital. Por enquanto, voarão a nove aeroportos provinciais as companhias JetBlue, American, Silver, Frontier, Southwest e Sun Country.

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