Sucessão

Morte do presidente do Uzbequistão gera expectativa por sucessor

De acordo com especialistas, o país se preocupa com a ascensão do Islã radical

JC Online
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Publicado em 03/09/2016 às 14:12
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De acordo com especialistas, o país se preocupa com a ascensão do Islã radical - FOTO: Foto: AFP/Divulgação
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A morte do presidente uzbeque Islam Karimov vira uma página inédita para este país da Ásia Central, que tinha o mesmo líder desde sua independência, há 25 anos, e que não tem um substituto designado.

Quais são as principais pistas para sua sucessão?

Os especialistas concordam em dois pontos: na falta de uma transição democrática, o sucessor precisa ser buscado entre as pessoas próximas ao falecido líder, e não estão previstas grandes mudanças no âmbito diplomático ou nos direitos humanos.

Um precedente regional lhes dá a razão: o presidente vitalício do Turcomenistão, Saparmurat Niyazov, morto em 2006, foi substituído por Gurbanguly Berdymukhamedov, que mantém um controle quase absoluto sobre os meios de comunicação e a sociedade civil.

Atualmente, o contexto é pouco favorável a uma liberalização. O Uzbequistão, um país muçulmano, se preocupa com a ascensão do Islã radical. Muitos uzbeques combatem nas fileiras da organização Estado Islâmico (EI) no Iraque e na Síria.

- O presidente do Senado para a transição

Em virtude da Constituição uzbeque, o presidente do Senado, Nigmatilla Yuldashev, assumirá o poder de forma interina até a realização de eleições, em um prazo máximo de três meses. Mas os especialistas consideram pouco provável que este homem desempenhe um papel de primeiro plano após a transição.

- O primeiro-ministro tecnocrata

O chefe do governo, Shavkat Mirziyayev, de 58 anos, é o favorito, após sua nomeação na liderança da comissão encarregada de organizar o funeral.

Este tecnocrata, no cargo desde 2003, é conhecido por seus laços estreitos com a família do presidente Karimov e com os responsáveis dos serviços de segurança.

Segundo as organizações de defesa dos direitos humanos, este ex-governador da região de Samarcanda (a cidade natal de Karimov) se encarrega de garantir o respeito às quotas de produção de algodão, um setor estratégico para a economia do país no qual se suspeita que recorre ao trabalho forçado, inclusive de crianças.

- O financeiro

O vice-primeiro-ministro e titular das Finanças, Rustam Azimov, de 58 anos, é, segundo os diplomatas, alguém mais favorável aos países ocidentais, sem, por isso, dar as costas ao clã dos Karimov.

É considerado um potencial sucessor. Foi banqueiro e é ministro desde 2005. Seus opositores o acusam de corrupção. Forma parte do comitê encarregado de organizar o funeral.

- A eminência parda

O chefe da segurança, Rustam Inoyatov, no posto há mais de 20 anos, é considerado a eminência parda de Karimov. É também um dos responsáveis pela morte de 300 a 500 manifestantes durante um protesto em Andijan (leste) em 2005, reprimido pela polícia.

Para muitos especialistas, é pouco provável que este ex-oficial da KGB soviético se converta em chefe de Estado, mas acredita-se que desempenhará um papel importante na transição.

- A família

Tanto a viúva de Karimov, Tatiana, quanto sua filha mais nova, Lola Karimova-Tilliayeva, continuarão sendo influentes.

Esta última, embaixadora do Uzbequistão na Unesco em Paris, confirmou nas redes sociais que seu pai havia sofrido uma hemorragia cerebral, enquanto os meios de comunicação oficiais mantinham silêncio sobre seu estado de saúde. Em 2013 disse que não buscava seguir carreira e dava prioridade a sua vida familiar.

Sua irmã mais velha, Gulnara Karimova, de 44 anos, foi durante um tempo a preferida. Gostava de alardear sua amizade com o ator francês gérard Depardieu e com o cantor britânico Sting. Mas cruzou uma linha vermelha ao comparar seu pai com Stalin e acusar sua irmã mais nova e sua mãe de bruxaria. Também atacou no Twitter o poderoso chefe da segurança.

Foi acusada de corrupção e acredita-se que esteja sob vigilância domiciliar. Foi embaixadora de seu país na ONU. Sobre ela pesam ordens de captura de vários países europeus, sobretudo pelo suposto desvio de 300 milhões de dólares em detrimento da companhia sueca TeliaSonera, uma empresa de telecomunicações muito presente na Ásia central.

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