Venezuelanos realizam protestos em várias cidades do país nesta quarta-feira (7) para exigir a realização de um referendo revogatório contra o presidente Nicolas Maduro. As manifestações se seguem a uma grande manifestação realizada na semana passada em Caracas e que atraiu centenas de milhares de críticos do governo.
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Setores contrários ao governo realizam concentrações de seis horas nos 23 estados do país, na frente das sedes regionais do Conselho Nacional Eleitoral, algumas das quais amanheceram sob forte proteção das forças de segurança. O governo fechou escritórios eleitorais regionais em algumas localidades para proteger o pessoal do que diz ser uma ameaça de violência.
Na cidade universitária de Merida cerca de 400 opositores a Maduro desfraldaram uma bandeira gigante da Venezuela e seguravam cartazes exigindo a saída do presidente. Já na capital Caracas não há grande uma manifestação planejada. Em vez disso, a orientação foi que opositores ao governo parassem suas atividades ao meio-dia, por 10 minutos, para realizar um protesto onde estivessem, nas ruas, locais de trabalho ou em casa.
Manifestações pró-governo também se realizavam nesta quarta-feira. Vários de funcionários públicos e seguidores do governo, vestidos com camisas vermelhas, marcharam em algumas ruas do centro de Caracas, em apoio a Maduro. Em algumas praças do centro da capital, órgãos públicos se concentraram centenas de pessoas.
O secretário-executivo da aliança da oposição, Jesus Torrealba, disse que, com os protestos pacíficos, a oposição espera consolidar sua conexão com os habitantes do interior do país e levar a mensagem sobre os requisitos para recolher as assinaturas de 20% dos eleitores para a realização da consulta popular. "Nossa estratégia é isolar, segregar e derrotar a liderança corrupta e violadora dos direitos humanos que tem em suas mãos por ora as alavancas do governo", disse Torrealba, garantindo que a oposição vai insistir em acelerar a construção de uma "solução eleitoral" para a crise.
Embora a oposição tenha conseguido demonstrar sua força nas ruas com o protesto de 1º de setembro, não obteve progresso com o Conselho Nacional Eleitoral - controlado pelo governo -, para que agilize a convocação do recolhimento de assinaturas de 20% dos eleitores.
A oposição aposta em realizar o referendo este ano como um caminho para sair da crise econômica e social que abate a Venezuela, mas o calendário proposto em agosto pelo Conselho Nacional Eleitoral levantou dúvidas sobre a possibilidade de a consulta ser feita antes de 10 de janeiro de 2017, quando se completa a metade do mandato de seis anos de Maduro. A Constituição venezuelana estabelece que se o referendo for realizado após essa data, os últimos dois anos do governo deve ser concluídos pelo vice-presidente.