As bombas voltaram a cair nesta sexta-feira (23) sobre os bairros rebeldes de Aleppo, onde intensos ataques aéreos do regime sírio e seu aliado russo causaram mortes de destruição como prelúdio de uma ampla operação terrestre.
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A onda de ataques contra a parte da cidade onde vivem 250.000 habitantes acontece quando os chefes da diplomacia russa e americana devem se reunir em Nova York para abordar o restabelecimento de uma trégua no país, depois da que foi interrompida na segunda.
De acordo com o jornalista da AFP presente na parte rebelde de Aleppo, os bombardeios se sucedem de forma incessante.
Os prédios são totalmente destruídos e não há como socorrer os habitantes, mesmo que equipes de resgates insistam em fazê-lo desesperadamente, usando as próprias mãos para socorrer os soterrados.
Dois centros dos chamados "capacetes brancos" (os voluntários da oposição síria) foram alcançados pelos bombardeios e um deles ficou totalmente destruído.
Segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH), ao menos sete pessoas morreram nesses bombardeios, mas o balanço pode ser ainda maior porque muitas pessoas se encontram sob os escombros.
'Aleppo sob ataque'
Dividida desde 2012 entre um setor pró-governamental e outro nas mãos dos insurgentes, Aleppo é um alvo estratégico neste conflito que já deixou mais de 300.000 mortos em cinco anos e meio de guerra.
O exército de Bashar al-Assad, que cerca a parte rebelde de Aleppo há dois meses, quer se apoderar da totalidade da antiga capital econômica da Síria.
Na quinta-feira foi anunciado o início de uma ofensiva terrestre contra o setor insurgente.
O exército pediu aos habitantes que se afastem das posições rebeldes e assegurou aos civis que se quiserem abandonar essas zonas na direção do setor pró-governamental não serão detidos.
"Começamos as operações de reconhecimento e os bombardeios aéreos e de artilharia", informou uma fonte militar de alto escalão. "Podem durar horas ou dias antes se iniciarmos a operação terrestre, cujo desenvolvimento dependerá do resultado dos ataques e da situação em terra", acrescentou.
Outra fonte militar em Damasco destacou que "o objetivo da operação é estender as zonas de controle do exército".
"O número de combatentes (do regime) permite começar uma operação terrestre porque chegaram muitos reforços a Aleppo", disse ainda.
"O que está acontecendo é que Aleppo está sendo atacada e todas as partes retomaram as armas", declarou na véspera, em Nova York, o enviado da ONU para a Síria, Staffan de Mistura.
Os chanceleres russo, Serguei Lavrov, e americano, John Kerry, se reúnem nesta sexta em Nova York para debater o restabelecimento de uma trégua.
A reunião de emergência realizada na quinta pelo Grupo Internacional de Apoio à Síria terminou sem um acordo para restabelecer o cessar-fogo.
Em um apelo sem precedentes, a ONU solicitou ao presidente sírio, Bashar al-Assad, que permita distribuir os alimentos bloqueados na fronteira turco-síria, ressaltando que alguns perderão a validade na próxima segunda-feira.
Apesar da violência, a ONU enviou um comboio humanitário a uma zona rebelde cercada na periferia de Damasco
As Nações Unidas realizaram este envio dois dias depois do bombardeio contra um comboio humanitário que matou vinte pessoas.
O Pentágono responsabilizou a Rússia por este ataque, embora o chefe do Estado-Maior inter-exércitos dos Estados Unidos, Joseph Dunford, não tenha informado se as bombas eram provenientes de um avião do regime sírio ou de seu aliado russo.