O Exército sírio anunciou, inesperadamente, nesta quarta-feira (5), que "reduzirá" os bombardeios aéreos e terrestres contra os rebeldes em Aleppo, quase duas semanas depois do início de sua sangrenta ofensiva para se apoderar da cidade.
Leia Também
- Tropas governamentais avançam em Aleppo após combates nas ruas
- Governo sírio avança em Aleppo; principal hospital da zona rebelde é bombardeado
- Ataque aéreo atinge hospital em Aleppo e mata ao menos uma pessoa
- ONU: Aleppo sofre pior 'catástrofe humanitária' do conflito sírio
- Exército sírio avança em bairros rebeldes de Aleppo após bombardeios
A decisão foi tomada "após o sucesso de nossas Forças Armadas, em Aleppo, e a interrupção de todas as vias de abastecimento aos terroristas nos distritos do leste" da cidade, explicou o comunicado publicado pela agência de notícias estatal, Sana.
"O Estado-Maior decidiu reduzir o número de bombardeios aéreos e de artilharia contra as posições terroristas para permitir que civis fujam para zonas seguras", indicou.
Em 22 de setembro, o Exército sírio anunciou uma operação em massa para recuperar a zona leste. Desde então, pelo menos 270 já morreram, incluindo 53 crianças, devido aos devastadores ataques aéreos.
O comunicado oficial não menciona se essa diminuição da ofensiva militar inclui os bombardeios das forças russas, aliadas ao governo de Bashar al-Assad.
Os repetidos ataques - sem precedentes desde o início da guerra civil síria - permitiram que as Forças Armadas reconquistassem os bairros do subúrbio de Aleppo.
Potências sem acordo
A comunidade internacional, em especial os Estados Unidos e seus aliados, que também intervém no conflito sírio com bombardeios diários, criticam duramente os ataques sírios e russos, alegando que não diferenciam civis e combatentes.
Hoje, a ONU classificou os bairros do leste da cidade como "zona sitiada", portanto submetida a um cerco militar, sem acesso à ajuda humanitária e sem que os civis possam se deslocar livremente.
Na segunda-feira (3), um bombardeio destruiu o maior hospital na zona rebelde.
Horas depois, Washington anunciou que suspendia qualquer cooperação com Moscou no conflito, que já provocou a morte de 300.000 pessoas desde que começou em 2011.
Rússia e Estados Unidos são os dois grandes promotores das negociações de paz para a Síria.
Um acordo russo-americano alcançado em setembro contemplava o fim das hostilidades, a distribuição de ajuda e uma eventual colaboração militar entre as duas potências para atacar, conjuntamente, os grupos extremistas.
Esse acordo também entrou em colapso e, nesta semana, a França tomou o centro da discussão, ao anunciar que apresentaria uma resolução diante da ONU para conseguir um novo cessar-fogo em Aleppo.
O ministro francês das Relações Exteriores, Jean-Marc Ayrault, viajará na quinta-feira (6) para Moscou e segue na sexta (7) para Washington para impulsionar seu projeto, indicou um comunicado de seu Ministério.
A Rússia enviou duas embarcações abastecidas com mísseis de cruzeiro para reforçar seu dispositivo naval no Mediterrâneo frente à costa síria.
Além da cidade, a província de mesmo nome também está submetida a sangrentos combates.
Dezenove civis, entre eles três crianças, morreram em um bombardeio aéreo contra uma localidade controlada pelo grupo Estado Islâmico (EI) na província, informou o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH).
O OSDH não conseguiu identificar a bandeira dos aviões, mas afirmou que o povoado de Thilthana, habitado por curdos mas controlado pelo EI, está em uma área onde uma ofensiva de rebeldes apoiados pela Turquia é realizada.