Após a morte do rei da Tailândia, a regência foi confiada ao seu conselheiro mais próximo, o general reformado de 96 anos Prem Tinsulanonda, uma "eminência parda" da política do reino há décadas. O que isso significa para o país?
Leia Também
- Dezenas de bebês tigres congelados são descobertos na Tailândia
- Atentados na Tailândia deixam quatro mortos
- Quinze suspeitos detidos por atentados na Tailândia
- Naufrágio na Tailândia deixou ao menos 15 mortos e 11 desaparecidos
- Morre rei da Tailândia, o monarca há mais tempo no poder no mundo
- Morre o rei da Tailândia, o monarca mais longevo no trono
- Quem é Prem Tinsulanonda?
Prem Tinsulanonda é um dos personagens mais ativos da política tailandesa, apesar de sua idade, e quando aparece em público caminha sem bengala e parece estar em bom estado de saúde.
Este general reformado, que foi comandante em chefe das Forças Armadas entre 1978 e 1980, dirigia há anos o Conselho Privado do rei Bhumibol Adulyadej, um organismo muito poderoso.
Dispõe de um poder "inigualável na Tailândia", segundo Paul Handley, autor da biografia "The king never smiles", proibida na Tailândia.
Em 1980, Tinsulanonda tomou o poder através de um golpe de Estado aprovado pelo rei e durante a época em que foi primeiro-ministro, de 1980 a 1988, a Tailândia viveu um dos períodos políticos e econômicos mais estáveis de sua história moderna.
"Prem manipulou a política nos bastidores, movendo os pauzinhos por mais de uma década nas Forças Armadas e na administração a partir de seu cargo no Conselho Privado do rei", destaca Paul Handley, atualmente jornalista da AFP.
- Quais são seus vínculos com a monarquia?
Prem era a "eminência parda" do rei, afirma Paul Chambers, especialista nas Forças Armadas tailandesas.
"Conseguiu converter as Forças Armadas em uma engrenagem da monarquia e em uma instituição potente na vida política tailandesa", destaca.
O ex-primeiro-ministro Thaksin Shinawatra - detestado pelas elites monárquicas e por uma grande parte das Forças Armadas devido ao êxito popular de sua política, que o colocava em concorrência com o rei - havia se convertido na "ameaça número um" para a monarquia.
"Prem ajudou a retirá-lo" da política com o golpe de Estado de 2006, explica Pavin Chachavalpongpun, especialista político exilado desde o último golpe de Estado, em 2014.
- Por que é regente e durante quanto tempo?
Seu papel de regente é automático devido à Constituição, que prevê a chegada a este posto do presidente do Conselho Privado do rei até a posse do novo soberano.
Segundo o chefe da junta militar que governa a Tailândia desde 2014, o príncipe herdeiro Maha Vajiralongkorn pediu um prazo antes de assumir o trono, o que ativou automaticamente a regência.
Até o momento não se sabe por quanto tempo a regência durará. O chefe da junta, Cha-O-Cha, deu a entender que pode durar até a cremação do rei, ou seja, um ano.
Desde a morte do rei, nem o príncipe herdeiro, nem o regente se expressaram publicamente.
A regência durará até que seja estabelecido um novo equilíbrio de poder entre os militares, a velha guarda de Palácio e o príncipe herdeiro.
Durante seus 70 anos de reinado, Bhumibol havia estabelecido sólidos vínculos pessoais com as Forças Armadas, instituição muito debilitada quando Bhumibol chegou ao trono, em 1946.
Agora tudo depende das negociações de bastidores e, em particular, do envolvimento do príncipe herdeiro, que até agora vivia a maior parte do tempo na Alemanha, sem se ocupar dos assuntos do reino.