Um grupo de mulheres, lideradas por Lilian Tintori, esposa do opositor preso Leopoldo López, vai organizar uma passeata neste sábado em Caracas contra a suspensão do processo de referendo revogatório contra o presidente Nicolás Maduro, medida que a oposição considera uma ruptura da ordem constitucional.
Leia Também
"A democracia a conquistaremos nas ruas, em Unidade, de forma pacífica organizada. Venezuela resteada (corajosa) será liberada!", escreveu Tintori no Twitter neste sábado, em uma convocação à passeata.
A oposição advertiu na sexta-feira que "chegou a hora" de definições no país, depois que o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) adiou até nova ordem a coleta de quatro milhões de assinaturas necessárias (20% do padrão eleitoral) para convocar a consulta contra Maduro.
O ex-candidato à presidência Henrique Capriles, em uma entrevista coletiva da coalizão opositora Mesa da Unidade Democrática (MUD), anunciou para quarta-feira uma grande mobilização nacional.
"Vamos tomar a Venezuela de ponta a ponta", disse.
O vice-presidente Aristóbulo Istúriz, ao mesmo tempo, garantiu que os representantes do governo e da oposição se reunirão no fim de semana, de maneira separada, com um grupo de mediação internacional liderado pelo ex-chefe de Governo espanhol José Luis Rodríguez Zapatero para tentar formalizar um diálogo sobre a crise.
A passeata das "resteadas" (corajosas) foi convocada por Tintori e outras dirigentes opositoras, como a ex-deputada María Corina Machado, antes do anúncio da MUD de manifestações na quarta-feira, mas a decisão do CNE intensificou os apelos por protestos.
"Hoje começa uma nova etapa de luta contra a ditadura", escreveu Machado no Twitter.
A passeata vai partir de três pontos da zona leste de Caracas e terminará com uma concentração na autoestrada Francisco Fajardo, a principal avenida da capital.
O CNE justificou a suspensão do processo para o referendo revogatório por falhas judiciais de tribunais regionais que anularam uma coleta prévia de assinaturas por suposta fraude.
O presidente Maduro, que está em viagem pelo Oriente Médio, pediu na sexta-feira que "ninguém se torne louco" após a decisão do CNE e pediu calma no país.
O presidente venezuelano chegou neste sábado ao Irã, após a primeira escala no Azerbaijão.