A diferença entre Donald Trump e Hillary Clinton na corrida pela Casa Branca diminuiu, como apontam as últimas pesquisas, após a reabertura de investigação do FBI sobre o uso de um servidor privado por parte da candidata democrata quando era secretária de Estado.
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A nove dias da eleição presidencial, uma pesquisa da ABC News/Washington Post divulgada neste domingo (30) dá apenas um ponto percentual de vantagem a Hillary sobre seu oponente republicano - 46% contra 45%. A enquete também inclui o candidato libertário, Gary Johnson, e a candidata verde, Jill Stein.
Na Flórida, Trump agora ultrapassa Hillary, com 46% contra 42%, segundo pesquisa do The New York Times Upshot/Siena College Research Institute.
Na última enquete do site RealClearPolitics, a democrata ostenta uma pequena vantagem de 3,4 pontos sobre o candidato republicano em nível nacional.
Embora as pesquisas continuem prevendo a vitória da ex-secretária de Estado, Trump não perdeu tempo, fazendo um grande alarde neste domingo sobre os novos percentuais.
"Agora estamos liderando em muitas pesquisas, e muitas delas foram realizadas antes que se anunciasse a investigação criminal na sexta-feira", tuitou o candidato.
Na sexta (28), o diretor do FBI (a Polícia Federal americana), James Comey, anunciou a reabertura da investigação - que havia sido arquivada em julho - sobre o uso de um servidor privado quando Hillary era secretária de Estado, diante da descoberta de novos e-mails.
Em julho, Comey, que é republicano, criticou a democrata pelo uso inadequado de informação sigilosa, mas considerou não haver provas para apresentar acusações contra ela.
Neste domingo (30), Hillary Clinton seguia na Flórida, onde participa de atos de campanha. Ontem (29), reuniu-se com milhares de seguidores em um show de Jennifer López, em Miami, após classificar a decisão do diretor do FBI de "muito preocupante", pedindo que "explique tudo e muito rapidamente".
"Não podemos nos distrair com todo o barulho que tem no ambiente político. Temos de nos manter concentrados", disse Hillary neste domingo, que fez paradas em Miami e em Fort Lauderdale, onde visitou uma igreja, um bar, um restaurante, uma seção eleitoral de votação antecipada. Seu ato de campanha foi realizado em uma boate gay.
'Insinuações'
O anúncio "estava cheio de insinuações, mas sem dados, de modo que instamos Comey a explicar qual é o problema", declarou o chefe da equipe de campanha de Hillary, John Podesta, à rede CNN.
Segundo vários jornais americanos, Comey também foi criticado pelo Departamento de Justiça, ao qual o FBI é subordinado. Ele já havia sido advertido para não quebrar a tradição de não comentar casos publicamente durante as campanhas eleitorais, para não interferir nelas.
Senadores democratas escreveram uma carta a Comey e a sua chefe, a procuradora-geral dos Estados Unidos, Loretta Lynch, pedindo que esclareçam antes de segunda-feira à noite se os novos e-mails são pertinentes para a investigação encerrada pelo FBI em julho.
Para Trump, que tenta fazer um controle de danos após as acusações de assédio sexual por pelo menos 12 mulheres, o anúncio do FBI veio em grande hora.
"A corrupção de Hillary deixa em pedaços os princípios sobre os quais se fundou nosso país", declarou Trump, em seu evento de campanha neste domingo, em Las Vegas, onde acusou a adversária de ter agido de forma "criminosa", "deliberada" e "intencional".
"O povo americano se concentra nos grandes problemas deste país. Francamente, acho que vão ter de chegar à conclusão de que Hillary Clinton é uma opção arriscada para ser presidente", alfinetou o vice do republicano, Mike Pence, em declarações à rede NBC neste domingo.
A diretora da campanha de Trump, Kellyanne Conway, metralhou Hillary, após suas críticas a Comey.
"A única coisa que tem de fazer é chamar sua amiga e confidente Huma Abedin e lhe dizer: 'o que tem nesses e-mails? Diga-nos o que tem na máquina que você compartilha com seu marido pedófilo'," ironizou, em entrevista à rede Fox News.
Segundo o jornal The New York Times, o FBI reabriu a investigação, depois de encontrar e-mails em um notebook da assessora de Huma Abedin e de seu ex-marido Anthony Weiner. O casal se separou, após o envolvimento de Anthony em uma investigação por enviar mensagens com conteúdo sexual a uma menor.