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Imigrantes temem sofrer perseguição após vitória de Trump

Pessoas que vivem legal ou ilegalmente em solo americano estão aflitas com ameaças de Trump

Mariana Araújo
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Mariana Araújo
Publicado em 10/11/2016 às 7:06
Fotos: Reprodução do Facebook e internet
Pessoas que vivem legal ou ilegalmente em solo americano estão aflitas com ameaças de Trump - FOTO: Fotos: Reprodução do Facebook e internet
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Um dos principais tópicos abordados na campanha por Donald Trump foi a questão da imigração para os Estados Unidos. O presidente eleito afirmou, diversas vezes, que pretende construir um muro na fronteira dos Estados Unidos com o México para barrar a entrada de pessoas ilegalmente no país. As declarações do republicano durante o processo eleitoral causaram um verdadeiro pânico entre imigrantes de diversos países que vivem legal e ilegalmente em solo norte-americano. O JC ouviu o depoimento de alguns brasileiros que estão por lá.

“Trump criou um discurso de medo nas pessoas, inclusive nos americanos que votaram nele, criou essa ideia de separação, de que os imigrantes estão tirando dinheiro dos americanos”, disse a pernambucana Karla Lisboa, que mora na Califórnia há 18 anos. Ela trabalha como gerente de marketing numa empresa chinesa em que a maioria dos funcionários é migrante. “Está muito estranho, aqui no trabalho as pessoas estão em choque. Não sei até que ponto ele tem esse poder todo de fazer mudanças tão radicais a curto prazo”, acrescentou.

“Pela primeira vez em 27 anos eu estou decepcionado com os Estados Unidos, pela eleição de Donald Trump, que considero um presidente incapaz de governar um país tão importante como os Estados Unidos”, disse Newton Ribeiro, natural de Goiás, que mora em Nova Iorque há quase três décadas. “Eu vejo essa vitória do Trump como uma ameaça não só aos imigrantes que estão aqui, mas para a própria sociedade americana, que não está bem certa sobre que tipo de presidente terá diante de uma campanha muito controversa”, afirmou Daniel Mata, do Rio de Janeiro, que vive há 15 anos no Alabama.

A pernambucana Kelly Duquerque, que mora na Flórida, disse que não apenas ela, mas amigos brasileiros ficaram “em choque” com a vitória do republicano. “A nossa expectativa é que fosse acirrada aqui na Flórida, mas que ele não ganhasse, e sim Hillary. No nosso grupo de amigos, apenas um casal declaradamente de imigrantes votou em Trump. Nós esperamos, agora, que a expectativa do governo dele seja melhor do que está sendo feito com previsões”, opinou.

Para o professor de Direito Internacional da Mackenzie Rio Eduardo Manuel Val, a política separatista de Trump afeta, principalmente, os imigrantes latinos e, em especial, os mexicanos. Mas poderá chegar aos brasileiros. “Os imigrantes ilegais vão encontrar uma campanha muito agressiva que vai levar à expulsão. Quanto aos imigrantes legais, ele vai endurecer, vai colocar maior restrição para aqueles que querem permanecer no território norte-americano”, analisa. 

O professor avalia, ainda, que as medidas contra os imigrantes poderão ser adotadas já no próximo semestre. “Trump é um homem que tem se mostrado bastante persistente e duro de negociar suas posições. Ele vai ter umas modificações bastante rápidas. Já a partir do final do primeiro semestre do ano que vem nós vamos ter uma tensão muito forte nos Estados Unidos”, acrescentou Val.

EUROPA

A eleição de Trump poderá, inclusive, influenciar a crise migratória da Europa, avalia o cientista político Thales Castro. “Novos muros visíveis e não visíveis estão sendo erguidos na Europa mediterrânea. A Alemanha vai ter, a partir de agora, um novo discurso. Acho que a grande tese de Angela Merkel vai ser derrotada nas próximas eleições e uma nova retórica perigosa de direita protecionista endógena, certamente de olhar mais para dentro da Alemanha, deve seguir”, analisa.

Para Eduardo Manuel Val, o fenômeno conservador não é apenas norte-americano. “A Grã-Bretanha também deve sair da União Europeia, o Brexit, por causa da pressão dos migrantes. Ou seja, o fenômeno da imigração é um tema preocupante tanto na Grã-Bretanha como nos Estados Unidos, no Hemisfério Norte como um todo. E essa pressão tem a ver com esse universo de questões econômicas, foi a que potencializou e, de alguma forma, legitimou o discurso agressivo do Trump contra os direitos humanos e contra os imigrantes especificamente”, avalia.

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