SÍRIA

Forças do regime sírio avançam em Aleppo

A comunidade internacional expressa cada vez mais a sua incapacidade de influenciar o curso da guerra

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Publicado em 21/11/2016 às 11:59
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A comunidade internacional expressa cada vez mais a sua incapacidade de influenciar o curso da guerra - FOTO: GEORGE OURFALIAN / AFP
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As tropas do regime sírio avançavam rapidamente nesta segunda-feira nos bairros rebeldes de Aleppo, apoiadas pelos intensos bombardeios que fazem temer "uma catástrofe humanitária" até o final do ano, segundo a ONU.

O Conselho de Segurança deve voltar a discutir nesta segunda-feira às 15h GMT (13h de Brasília) em Nova York os esforços para ajudar os civis sírios. 

Mas a comunidade internacional expressa cada vez mais a sua incapacidade de influenciar o curso da guerra, como o presidente americano Barack Obama, que disse no domingo estar "pouco otimista" sobre o futuro imediato do país.

"O tempo é curto e estamos em uma corrida contra o tempo" para evitar uma catástrofe humanitária, advertiu, por sua vez, o enviado da ONU Staffan de Mistura, depois de uma visita a Damasco.

O regime de Bashar al-Assad está determinado a continuar com sua campanha lançada em 15 de novembro para reconquistar a zona leste de Aleppo, a parte da segunda maior cidade controlada por vários grupos rebeldes, alguns moderados, alguns jihadistas.

Avanço importante

As tropas do governo consolidavam suas posições nesta segunda-feira, depois que entraram no dia anterior pela primeira vez no distrito de Massaken Hanano, no nordeste de Aleppo, após intensos combates, de acordo com o Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH).

Este bairro tem um valor simbólico, uma vez que foi o primeiro a ser tomado pelos rebeldes em 2012.

O regime, auxiliado por combatentes iranianos e do Hezbollah libanês, também expulsaram os insurgentes de uma antiga área industrial no nordeste do país.

"Este é o avanço mais importante do regime nas regiões rebeldes", indicou o diretor do OSDH, Rami Abdel Rahman. A tomada de Massaken Hanano permite às tropas do governo "ter visão de várias outras áreas rebeldes", segundo ele.

O jornal pró-regime Al-Watan descreveu o bairro como "o maior e mais importante reduto" de insurgentes na cidade.

De acordo com o ministro das Relações Exteriores da Síria, Walid Muallem, há entre 5.000 e 7.000 "homens armados", que "tomam como reféns os habitantes dessas áreas".

Domingo, ao cumprimentar Mistura, Moallem  rejeitou a possibilidade de "uma administração autônoma" dos rebeldes em Aleppo. Esta ideia foi sugerida pelo emissário em troca da saída de centenas de jihadistas do grupo Fatah al-Sham (ex-ramo sírio da Al-Qaeda) presentes nestes bairros.

'Privados de ajuda'

De acordo com especialistas, Damasco e seu aliado russo agora querem se mover rapidamente para obter uma vitória em Aleppo antes que Donald Trump assuma a Casa Branca em 20 de janeiro.

De Mistura também advertiu que "até o Natal, (...) vamos ver um colapso (...) do que resta da zona leste de Aleppo e poderíamos ver 200.000 pessoas fugindo para a Turquia, o que seria uma catástrofe humanitária".

A situação é insustentável para os civis, sitiados há quatro meses e no fim de suas reservas alimentares.

Mais de uma centena deles foram mortos em sete dias desde a retomada da ofensiva, de acordo com OSDH.

Este número pode aumentar devido ao grande número de feridos, enquanto "nenhum hospital está em serviço na parte sitiada da cidade", segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).

"Mais de 250.000 homens, mulheres e crianças que vivem em Aleppo estão agora sem acesso a cuidados hospitalares", disse a OMS.

As agências da ONU já não tinham acesso à zona leste de Aleppo desde julho, quando o exército sírio tomou o controle da última rota de abastecimento rebelde.

"Talvez devêssemos ser autorizados a enviar equipes da ONU e de outros parceiros para verificar os danos aos hospitais, em toda a cidade de Aleppo", sugeriu De Mistura no domingo. Mas sem conseguir a aprovação de Damasco.

Ao se reunir no domingo à margem da cúpula da APEC em Lima, Obama também pediu ao seu homólogo russo Vladimir Putin um esforço para reduzir o sofrimento dos civis após cinco anos e meio de conflito que matou mais de 300.000 pessoas.

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