POLÍTICA

Ex-chanceler Paolo Gentiloni é nomeado primeiro-ministro da Itália

A decisão foi anunciada pelo presidente da República, Sergio Mattarella, único com o poder de nomear o premiê na Itália, segundo prevê a Constituição.

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Publicado em 11/12/2016 às 11:33
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A decisão foi anunciada pelo presidente da República, Sergio Mattarella, único com o poder de nomear o premiê na Itália, segundo prevê a Constituição. - FOTO: Foto: Alberto PIZZOLI / AFP
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O ex-ministro italiano das Relações Exteriores, Paolo Gentiloni, foi nomeado neste domingo para substituir o premiê Matteo Renzi, que renunciou ao cargo após sofrer uma severa derrota no referendo constitucional na semana passada.

A decisão foi anunciada pelo presidente da República, Sergio Mattarella, único com o poder de nomear o premiê na Itália, segundo prevê a Constituição.

Gentiloni, de 62 anos, ex-jornalista formado em ciências políticas, homem moderado e leal a Renzi, terá que submeter sua equipe de governo ao voto de confiança, o que poderá ocorrer na quarta-feira, segundo fontes políticas.

"Trabalharei com dignidade e responsabilidade", anunciou Gentiloni, após receber oficialmente o encargo.

"Não por minha vontade, mas por senso de responsabilidade, trabalharei com as forças políticas da maioria em fim de mandato", uma coalizão de centro-esquerda liderada pelo Partido Democrático, declarou.

O presidente Mattarella, árbitro da situação, tinha antecipado que queria resolver rapidamente a crise que teve início após a rejeição em massa da reforma da Constituição, promovida por Renzi.

Neste domingo, o primeiro-ministro demissionário Matteo Renzi, cuja forte personalidade e estilo de governar dividiu o país, dirigiu-se aos italianos em sua página no Facebook para dizer que sua demissão era "verdadeira", mas que estava disposto a voltar.

"Volto a ser um cidadão comum. Não tenho paraquedas. Não tenho um assento no Parlamento, não tenho um salário, não tenho uma pensão, não tenho imunidade, Começo de novo, como deve ser. A política para mim é servir ao país, não usá-lo", escreveu Renzi.

Um mediador para lidar com as divisões

O novo chefe de governo, que em 2014 substituiu a então chanceler Federica Mogherini, atual chefe da diplomacia europeia, conta com a experiência política para lidar com as profundas divisões no PD, que detém a maioria no Parlamento, com correntes contrapostas que disputam entre si.

Gentiloni também gerencia importantes temas internacionais, um elemento também a seu favor, já que ano que vem a Itália assume a Presidência do G7, grupo dos sete países mais ricos do mundo, e organiza uma cúpula de seus líderes em maio na Sicília.

A Itália também entra no ano que vem no Conselho de Segurança das Nações Unidas e celebrará em março, em Roma, os 60 anos do Tratado de Roma, data de nascimento da União Europeia, uma oportunidade para relançar o projeto após o Brexit, a saída do Reino Unido do bloco.

O presidente Mattarella concluiu na noite de sábado três dias de consultas políticas e espera evitar também que se desate uma crise bancária caso se atrase a recapitalização urgente do terceiro banco do país, o Banco Monte dei Paschi di Siena, uma decisão que depende do Parlamento.

Gentiloni comprometeu-se a promover um acordo no Parlamento para "harmonizar" as leis eleitorais, caso contrário a Itália correria o risco de uma paralisia em caso de eleições antecipadas.

Uma lei aprovada em maio de 2015, chamada Italicum, concede um prêmio notável à maioria vencedora na Câmara dos Deputados, enquanto no Senado o sistema se baseia na proporção, razão pela qual se complica em com uma coalizão estável e o risco é que o país fique ingovernável.

Assim que a lei eleitoral for harmonizada, poderiam ser realizadas eleições, uma das solicitações do Partido Democrata e do próprio Matteo Renzi. 

"O objetivo é ir às eleições em pouco tempo possível", assegurou no sábado o porta-voz do PD no Senado.

O novo governo não contará com o apoio da segunda força política do país, o Movimento Cinco Estrelas (M5S), formação antissistema, que pede eleições sem esperar uma nova lei eleitoral e anunciou que não participará do voto de confiança ao novo governo, ao qual considera "ilegítimo".

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