Dois líbios armados com granadas e uma pistola sequestraram e desviaram nesta sexta-feira (23) um avião líbio para Malta, onde se renderam após libertarem os 116 passageiros e tripulantes da aeronave.
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"Os últimos membros da tripulação deixaram o avião com os piratas", anunciou pouco após às 15h30 (12h30 de Brasília) o primeiro-ministro de Malta, Joseph Muscat, que informou no Twitter toda a operação.
"Os piratas do ar se renderam, eles foram revistados e colocados em detenção", escreveu Muscat.
De acordo com o ministro das Relações Exteriores do Governo líbio de Unidade Nacional (GNA), Taher Siala, os dois homens são partidários do antigo regime de Muammar Kaddafi e pedem asilo político na ilha Mediterrânea.
Eles também querem anunciar a criação de um partido político pró-Kaddafi.
Segundo imagens da televisão, um dos dois sequestradores saiu do avião com a bandeira verde da Líbia de Kaddafi.
O piloto do avião, Ali Milad, contactado pela televisão Libya Channel, indicou que eles estavam armados com granadas e uma pistola.
O avião, um Airbus A320 da companhia Afriqiyah Airwaysque, realizava um voo doméstico. Ele havia decolado do aeroporto de Sabha (sul) e deveria pousar em Trípoli, capital da Líbia, mas desviou para Malta, pequena ilha Mediterrânea localizada 350 km ao norte de Trípoli.
As negociações, conduzidas pelo chefe do Exército maltês, permitiram a libertação gradual dos passageiros.
Um primeiro grupo de 25 mulheres e um bebê foram libertados pouco antes das 14H00 (11H00 de Brasília), seguido por outros grupos.
Segundo Muscat, havia 28 mulheres, um bebê e 82 homens, além de sete membros da tripulação.
Libertação tranquila de passageiros após sequestro
De acordo com um correspondente da AFP no local, os passageiros desceram muito calmamente do avião, sem correr nem gritar. O aeroporto, que chegou a ser fechado, começou a retomar o tráfego e vários voos conseguiram pousar.
Na pista do aeroporto internacional Luqa de Malta, a aeronave foi rapidamente isolada. Veículos militares se posicionaram rapidamente e o avião foi cercado por soldados.
O aeroporto permaneceu fechado por várias horas. Vários voos, principalmente provenientes de Londres, Bruxelas e Paris, estavam previstos para esta sexta-feira.
A Líbia está mergulhada no caos desde a queda do ditador Muammar Kaddafi em 2011 e várias milícias disputam o controle do território, apesar da instalação de um governo de unidade nacional (GNA), apoiado pela comunidade internacional.
O chefe deste governo, Fayez al-Sarraj, anunciou oficialmente no último sábado a libertação de Sirte, um reduto do grupo extremista Estado Islâmico (EI). O EI havia tomado a cidade natal de Muammar Kaddafi em junho de 2015 e desde então defendia sua fortaleza ferozmente, usando táticas de guerrilha urbana, escudos humanos e minas terrestres.
A perda de Sirte foi um grande revés para o EI, mas ainda há extremistas na Líbia, como evidenciado por um ataque suicida em Benghazi no domingo passado, e talvez esse sequestro em Malta.
O GNA espera sair fortalecido da batalha de Sirte, quando ainda luta para estabelecer a sua autoridade em um país devastado por conflitos.