Em um gesto histórico, os Estados Unidos se abstiveram de votar uma resolução no Conselho de Segurança das Nações Unidas sobre os assentamentos israelenses na Cisjordânia e não usaram seu poder de veto para evitar uma condenação de Israel.
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Com a abstenção norte-americana, o Conselho aprovou a resolução que condena Israel por suas colônias por 14 votos a favor. As informações são da Agência Ansa.
"As colônias não têm validade legal", diz o documento, que exige que Israel pare com os assentamentos. A posição adotada pela representação diplomática de Washington no Conselho de Segurança foi solicitada pelo presidente Barack Obama, que deixará o cargo em 20 de janeiro para que o recém-eleito mandatário, o republicano Donald Trump, assuma a Casa Branca.
O governo israelense tinha pedido ajuda a Trump para que os EUA usassem seu poder de veto para barrar a aprovação da resolução.
De acordo com fontes locais, caso concretizada, seria uma interferência sem precedentes da parte de um presidente eleito. A resolução foi apresentada pela Malásia, Nova Zelândia, Senegal e Venezuela, com o apoio do Egito.
Embaixadora norte-americana na ONU
A embaixadora norte-americana na ONU, Samantha Power, disse ontem (23) que os EUA não podem apoiar a construção das colônias israelenses uma vez que defende e a solução de "dois Estados" entre Israel e Palestina.
A diplomata citou os ex-presidente Ronald Reagan em seu discurso e lembrou que, há anos, Washington pede que as construções sejam interrompidas. A política norte-americana sofre um forte lobby de empresários e da comunidade de judeus no país. Por isso, costumava defender os interesses de Israel em negociações internacionais, atuando como um escudo contra condenações.
Trump, desde que eleito, em novembro, vem indicando que daria apoio extra aos interesses de Israel e chegou até a nomear um embaixador para Jerusalém, e não para Tel Aviv, como costumeiramente ocorre. A abstenção no voto já começou a repercutir entre o Partido Republicano.
O líder dos republicanos na Câmara dos Deputados, Paul Ryan, chamou a decisão de "vergonhosa". Cerca de 500 mil judeus vivem em 140 colônias construídas por Israel desde 1967. Os palestinos consideram os assentamentos um dos principais obstáculos para um acordo de paz, além de serem considerados ilegais pela lei internacional, apesar de Israel contestar.