França

Fillon segue na corrida presidencial francesa, apesar de indiciamento

Fillon será indiciado no caso de empregos fantasmas de sua mulher e de dois de seus filhos

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Publicado em 01/03/2017 às 20:57
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Fillon será indiciado no caso de empregos fantasmas de sua mulher e de dois de seus filhos - FOTO: Christophe Archambault/AFP
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O candidato conservador às eleições presidenciais francesas François Fillon anunciou, nesta quarta-feira (1º), seu indiciamento judicial no caso de empregos fantasmas de sua mulher e de dois de seus filhos, mas assegurou que continuará na disputa "até o fim".

Em um novo episódio de uma campanha muito incerta, Fillon declarou que foi intimado "em 15 de março pelos juízes de instrução para ser indiciado" e que responderá à convocação, apesar de ter denunciado sua decisão como um "assassinato político".

"Não irei ceder, não irei me render, não irei me retirar, irei até o fim", frisou em declaração dada em sua sede de campanha.

"Não assassinam apenas a mim, como também as eleições presidenciais", considerou Fillon que, até a explosão desse escândalo em janeiro passado, era o favorito nas pesquisas, e agora figura no terceiro lugar.

Sua esposa, Penelope, também foi intimada a comparecer perante a Justiça para responder pelo mesmo caso.

Esse anúncio levou à perda de adesões importantes à sua campanha, como o ex-ministro Bruno Le Maire, que apoiava Fillon, há pouco tempo, e o partido de centro UDI.

O primeiro turno das eleições será em 23 de abril.

Enfraquecido por esse escândalo, Fillon, de 62 anos, alega sua inocência e já denunciou as interferências do calendário judiciário na campanha eleitoral.

"Não reconheço os atos, não desviei recursos públicos", insistiu Fillon, ao se referir ao emprego fictício de sua esposa como assessora parlamentar.

"Desde o início não fui tratado como 'julgável' como os outros", queixou-se.

"O estado de direito tem sido sistematicamente violado" e a "presunção de inocência desapareceu completamente", denunciou Fillon.

Apesar de tudo, visitou o Salão de Agricultura em Paris, etapa de propaganda obrigatória para qualquer candidato à Presidência.

O presidente François Hollande criticou as dúvidas sobre o Judiciário.

"Uma candidatura à eleição presidencial não autoriza que se suspeite do trabalho de policiais e juízes", afirmou.

Os juízes "continuam seu trabalho com total independência", acrescentaram o primeiro presidente da Corte de Apelações e o procurador-geral.

Durante a manhã, Fillon falou com várias das principais lideranças de seu partido - Les Républicans - e teve uma conversa por telefone com o ex-presidente Nicolás Sarkozy, de quem foi primeiro-ministro.

Uma manifestação de apoio de seus simpatizantes está convocada para o próximo domingo (5).

- 'Sufrágio universal'

Até então favorito nas eleições após sua vitória nas primárias de centro direita realizadas em outubro de 2015, Fillon caiu vertiginosamente nas pesquisas desde as revelações do semanário satírico Le Canard Enchaîné.

Quando o veículo revelou o caso dos empregos fantasmas de sua mulher e de dois de seus filhos como assistentes parlamentares, Fillon havia declarado que se retiraria da campanha presidencial, se indiciado pela Justiça.

Há duas semanas, rompeu esse compromisso, porém, dizendo que se submeteria exclusivamente ao "sufrágio universal".

Segundo as últimas pesquisas, Marine Le Pen, candidata da extrema direita, e Emmanuel Macron, ex-ministro da Economia do presidente Hollande, disputariam o segundo turno da eleição presidencial prevista para 7 de maio.

A Justiça investiga os empregos de Penelope Fillon como assistente parlamentar do marido e de seu suplente durante 15 anos, pelos quais recebeu 680.380 euros, e de dois de seus filhos, Charles e Marie Fillon, entre 2005 e 2007.

Também investiga outro emprego fantasma de Penelope Fillon em uma revista que pertence a um empresário amigo de seu marido.

A Justiça também está atenta a Marine Le Pen, por empregos fantasmas no Parlamento europeu e por uma suposta violação da lei sobre financiamento de campanhas eleitorais.

Le Pen se recusou a comparecer para depor no tribunal, invocando sua imunidade parlamentar e argumentando que o período eleitoral não oferece a "serenidade" necessária à Justiça.

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