Partido Nacional Escocês

Nacionalistas da Escócia veem sonho de independência se distanciar

O partido da primeira-ministra da Escócia Nicola Sturgeon sofreu enormes perdas nas eleições legislativas no Reino Unido

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Publicado em 09/06/2017 às 11:14
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O partido da primeira-ministra da Escócia Nicola Sturgeon sofreu enormes perdas nas eleições legislativas no Reino Unido - FOTO: Foto: RUSSELL CHEYNE / POOL / AFP
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O sonho dos nacionalistas escoceses do SNP de organizar um novo referendo sobre a independência afundou após as eleições legislativas no Reino Unido, em que o partido da primeira-ministra da Escócia Nicola Sturgeon sofreu enormes perdas.

Segundo os resultados definitivos nesta região, o Partido Nacional Escocês (SNP, esquerda) obteve 35 dos 59 assentos do Parlamento de Westminster alocados para a Escócia, ou seja, 21 a menos do que em 2015.

Seu número dois, Angus Robertson, bem como o seu ex-líder Alex Salmond, foram derrotados. "Um tapa", admitiu este último.

O partido continua a ser a terceira força política a nível nacional e a primeira na Escócia. Mas o contraste é impressionante em relação às eleições anteriores.

Quando em posição de força, Nicola Sturgeon exigiu a organização de um novo referendo sobre a independência da Escócia após o voto pelo Brexit, recordando que 62% dos escoceses rejeitaram a saída da União Europeia.

Agora, "desapontada", a líder dos nacionalistas reconheceu nesta sexta-feira que "a questão de um referendo sobre a independência obviamente seria afetada pelos resultados eleitorais".

"Vamos ouvir os eleitores e pensar muito cuidadosamente sobre a melhor maneira de fazer a Escócia avançar", acrescentou em Edimburgo, sem selar o destino do seu projeto de consulta popular, apelidado de "Indyref2" (2ª referendo sobre a independência).

Mas, para os meios de comunicação, especialistas e opositores políticos, os resultados das legislativas de quinta-feira freiam suas ambições.

"O projeto do SNP de um segundo referendo sobre a independência sofreu um grande revés", devido ao forte declínio do partido nas legislativas, comentou o jornal Herald Scotland.

Este desempenho é "um desastre" para o Partido Nacional Escocês, ressaltou o professor Iain Begg, da London School of Economics.

"Esta é uma notícia muito ruim para ele e para a ambição de Nicola Sturgeon de convocar um segundo referendo", explica o especialista à AFP.

- "Aliança" com os trabalhistas? -

Se o SNP lamenta, os conservadores escoceses podem comemorar, uma vez que, a nível nacional, ampliou sua bancada, com 13 assentos, 12 a mais do que em 2015, o melhor resultado desde 1983.

O projeto de referendo sobre a independência? "Morto", declarou o líder dos Tories do norte, o energético Ruth Davidson, cuja formação se tornou a principal força de oposição ao Partido Nacional Escocês.

"A grande questão desta campanha era a tentativa de Nicola Sturgeon de forçar um segundo referendo sobre a independência (...), mas quando vemos o número de assentos perdidos pelo SNP, vemos como as pessoas reagiram", disse.

Mesma história para os trabalhistas escoceses, que respiram com sete assentos, seis a mais.

"Acho que está perfeitamente claro que o projeto de Nicola Sturgeon de um segundo referendo deve desaparecer", declarou Kezia Dugdale, à frente do Labour escocês.

Frustrado em suas ambições locais, o SNP poderia, porém, procurar formar uma "aliança" com os trabalhistas de Jeremy Corbyn para tentar impedir que os conservadores formem um governo majoritário.

Nicola Sturgeon evocou essa possibilidade. "Sempre disse que o SNP queria ser parte de uma alternativa progressista a um governo conservador", disse ela.

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