Uma legisladora americana acusou nesta terça-feira (14) de assédio sexual dois de seus colegas, incluindo um que teria se exibido na frente de uma jovem assistente, em meio a uma crescente preocupação sobre abusos no Congresso.
O Congresso começou uma avaliação das acusações de abuso e processos de mais de 1.500 funcionários legislativos por uma completa reforma da cultura trabalhista, em meio à atenção gerada pelos escândalos de conduta sexual imprópria em Hollywood, na imprensa e na política.
Casos de assédio
A congressista democrata Jackie Speier, que promoveu um sistema contra o assédio sexual no Congresso, disse que sabia de dois congressistas em função, um republicano e outro democrata, envolvidos "em (casos de) assédio sexual".
"Tive inúmeras reuniões e ligações com funcionários, atuais e antigos, mulheres e homens, que foram objeto desta conduta indesculpável e às vezes ilegal", disse Speier à Comissão de Administração da Câmara baixa.
Speier desenhou um quadro de depredação sexual nos corredores legislativos, que inclui "vítimas que são tocadas em suas partes íntimas no recinto da Câmara de Representantes".
A republicana Barbara Comstock narrou à Comissão como uma jovem assistente levou documentos para a casa de seu chefe congressista, que a recebeu usando apenas uma toalha.
"Nesse momento, decidiu se mostrar. Ela foi embora e depois se demitiu", disse Comstock.
"O que estamos fazendo aqui, agora, pelas mulheres que lidam com alguém assim?!" - questionou.
A denúncia ocorre no momento em que o ex-juiz conservador Roy Moore, candidato ao Senado, enfrenta acusações de cinco mulheres que afirmam que ele teria as assediado sexualmente ou tentado seduzi-las quando eram adolescentes, há cerca de quatro décadas.
Durante a audiência foram feitos chamados a atualizar as regras na Câmara de Representantes para denunciar casos de abuso e instaurar cursos obrigatórios sobre assédio sexual para congressistas e seus empregados.
"Não há lugar para o assédio sexual em nossa sociedade, ponto. Especialmente no Congresso", disse Gregg Harper, presidente da Comissão encarregada dos assuntos internos da Câmara baixa.
Speier, que reconheceu ter sido assediada quando era funcionária legislativa há décadas, aplaudiu essas intenções, embora tenha reconhecido que enfrentar o assunto seja complexo e "às vezes incômodo".