PIZZA ITALIANA

Arte da pizza napolitana entra na lista de Patrimônio Imaterial

Cerca de dois milhões de pessoas apoiaram, por meio de uma petição, a candidatura da arte dos pizzaiolos napolitanos

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Publicado em 07/12/2017 às 13:28
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Cerca de dois milhões de pessoas apoiaram, por meio de uma petição, a candidatura da arte dos pizzaiolos napolitanos - FOTO: Foto: AFP
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A arte dos "pizzaiolos" napolitanos, que deu fama mundial a esta especialidade da cozinha italiana, entrou nesta quinta-feira (7) para a lista de Patrimônio Imaterial da Humanidade da Unesco.

A decisão foi adotada pelo Comitê Intergovernamental para a Salvaguarda do Patrimônio da Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura, que se reúne desde segunda-feira na ilha de Jeju, na Coreia do Sul.

Dois milhões de pessoas assinaram a petição mundial para apoiar a candidatura desta arte praticada atualmente em Nápoles por quase 3.000 'pizzaiolos" e que, segundo os promotores da iniciativa, "desempenha um papel essencial na vida social e na transmissão entre gerações".

"Para nós é como ganhar a Copa do Mundo", reagiu Gennaro Gattimolo, um pizzaiolo de 57 anos, com as mãos cobertas de farinha em seu restaurante em Nápoles. Assim como ele, muitos cozinheiros acenderam seus fornos nesta quinta-feira nesta cidade do sul da Itália e ofereceram porções de pizza grátis aos transeuntes para comemorar.  

O presidente da associação de pizzaiolos napolitanos, Sergio Miccù, havia prometido comemorar a eventual entrada de sua arte na lista de patrimônio imaterial com a distribuição das pizzas nas ruas.

Além do espetacular manejo da massa, esta é uma habilidade culinária que associa canções, sorrisos, técnica, espetáculo, iniciada no século XVI, ressaltava a candidatura napolitana.

"Vitória!", escreveu no Twitter Maurizio Martina, o ministro italiano da Agricultura. 

"Identidade enogastronômica italiana cada vez mais defendida no mundo", completou.

"Longa vida à arte do pizzaiolo napolitano!", tuitou  Pecoraro Scano, que já foi ministro da Agricultura.

Quando as primeiras pizzas surgiram em Nápoles, tratava-se de pães concebidos como uma maneira rápida e barata de alimentar as multidões, segundo o historiador Antonio Mattozzi. 

A tradição se desenvolveu e as primeiras pizzarias apareceram no final do século XVIII. Mas foi necessário quase um século para que saíssem de Nápoles.

 480 graus 

A prática culinária consiste em preparar em quatro etapas a massa de uma pizza e assá-la no forno a lenha.

Segundo a famosa pizzaria Brandi de Nápoles, a massa feita de farinha, água, fermento e sal deve descansar 24 horas antes de ser esticada. Espalha-se sobre a massa molho de tomate, queijo mozzarela de búfala e manjericão, antes de levá-la ao forno a 485 graus entre 60 e 90 segundos. 

Em suas recomendações, os pizzaiolos alertam para o que não deve ser feito: esticar a massa com rolo, congelar o produto ou acrescentar abacaxi.

De acordo com Coldiretti, principal sindicato agrícola italiano, cinco milhões de pizzas são consumidas todos os dias na Itália, entre uma população de 60 milhões de pessoas. O setor representa um volume de negócios anual de 12 bilhões de euros.

Mas os americanos são os principais consumidores de pizza no mundo, com 13 quilos por pessoa por ano, em comparação com os italianos - campeões europeus - com 7,6 quilos, enquanto os espanhóis consumem 4,3 quilos e franceses e alemães, 4,2.

A lista de patrimônio imaterial, criada em 2003, contava antes da reunião deste ano com mais 365 tradições ou expressões vivas, entre elas o flamenco espanhol, a cerveja belga, a filosofia milenar da ioga, entre outras.

Esta semana em Jeju, o comitê deve examinar 34 candidaturas. Cinco tradições latino-americanas entraram na lista entre quarta-feira e quinta-feira: Os Os cantos de trabalho do Llano colombiano-venezuelano, a Feira de Alasita na Bolívia, o ponto cubano, o sistema peruano de juízes de água de Corongo e as técnicas artesanais do sombreiro pintao panamenho.

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