Milhares de pessoas marcharam neste domingo para a sede do Poder Judiciário da República Dominicana em protesto contra a lentidão no processo judicial contra envolvidos em subornos milionários da construtora brasileira Odebrecht e para denunciar a impunidade.
A manifestação, a maior deste ano, ocorre em um momento em que o Poder Judiciário celebra as audiências preliminares para determinar se há provas para enviar a julgamento os oito acusados de receber subornos da Odebrecht, incluindo ex-ministros e legisladores. Segundo delações de executivos da Odebrecht perante autoridades do Brasil e dos Estados Unidos, a empresa pagou US$ 92 milhões em subornos para obter contratos com o governo dominicano entre 2001 e 2014.
A investigação "é uma caricatura que não garante justiça", disse a ex-líder do sindicato de professores María Teresa Cabrera, enquanto caminhava no domingo na chamada "marcha do milhão" contra a impunidade. Cabrera, uma das porta-vozes do chamado Movimento Marcha Verde, que surgiu para exigir a investigação sobre os subornos da empresa de construção, insistiu que "há muitas pessoas que nem sequer foram investigadas" pela Procuradoria Geral da República.
INVESTIGAÇÕES
Após um ano e meio de investigações, a Procuradoria Geral da República apresentou acusações em junho contra o representante comercial da Odebrecht, Ángel Rondón, e oito ex-funcionários e legisladores por suspeita de terem recebido subornos da empresa brasileira. Devido às constantes objeções apresentadas pelos acusados, as audiências preliminares iniciadas em 6 de julho foram adiadas várias vezes. A próxima está agendada para 23 de agosto.
Entre os manifestantes da "marcha do milhão" estavam líderes de partidos da oposição. Os participantes do protesto se reuniram na manhã de domingo no centro da capital, de onde começaram a caminhar em direção ao prédio que abriga o Supremo Tribunal de Justiça e a Procuradoria Geral. A forte chuva não impediu manifestantes, vestidos de verde e com cartazes pedindo "Fim da impunidade", de continuar a sua caminhada.