A Coreia do Sul anunciou nesta quarta-feira (21) o fechamento de uma polêmica fundação financiada pelo Japão e criada para ajudar as ex-escravas sexuais da época da guerra, um gesto que desagradou Tóquio. A medida levou o governo japonês a convocar para consultas o embaixador sul-coreano e a pedir a Seul que respeite sua "promessa internacional".
O tema das mulheres submetidas à escravidão sexual pelos soldados japoneses durante a Segunda Guerra Mundial — as chamadas "mulheres de conforto "— é uma questão muito sensível que afeta a relação entre Japão e Coreia do Sul, colonizada por Tóquio durante décadas.
A fundação foi criada como resultado de um polêmico pacto bilateral de 2015, de acordo com o qual Tóquio transferiu um bilhão de ienes (8,8 milhões de dólares no câmbio atual) como compensação para as vítimas, enquanto Seul aceitou não voltar a abordar o tema.
Mas quando o presidente sul-coreano Moon Jae-in sucedeu Park Geun-hye no governo, ele condenou o acordo por considerá-lo insuficiente.
"Tomaremos ações legais para dissolver formalmente a Fundação de Reconciliação e Cura", anunciou o ministério sul-coreano de Igualdade de Gênero, que supervisiona a questão. "Decidimos terminar com o projeto, segundo nossa análises e as circunstâncias atuais ao redor da fundação", afirma um comunicado, que cita o desejo de encontrar "uma forma razoável de administrar" o dinheiro que resta da quantia enviada pelo Japão.
Japão reagiu com irritação a decisão
O governo japonês reagiu com irritação e pediu a Coreia do Sul que cumpra com o acordo, sob risco de trair sua reputação. "O acordo Japão-Coreia do Sul assinado há três anos era a resolução final e irreversível", afirmou o primeiro-ministro nipônico, Shinzo Abe. "Se você rompe uma promessa internacional, fica impossível manter os laços entre países", completou.
O ministério japonês das Relações Exteriores convocou o embaixador sul-coreano para explicar a medida.
De acordo com historiadores, 200.000 mulheres, a maioria coreanas mas também de outras partes da Ásia, como a China, foram obrigadas a atuar como escravas sexuais por soldados japoneses.