A reunião de cúpula do G-20, grupo que reúne as 20 maiores economias do mundo, começou nessa sexta-feira (30) em Buenos Aires com boa parte dos países defendendo o multilateralismo nas relações comerciais. É uma posição contrária à que vem sendo apregoada pelo presidente americano, Donald Trump, que declara abertamente sua preferência por acordos bilaterais e questiona a importância de organismos como a Organização Mundial de Comércio (OMC).
Na abertura das reuniões, o presidente da Argentina, Mauricio Macri, anfitrião do evento, discursou em prol do diálogo. "A essência do G-20 é promover o diálogo sobre as diferenças", afirmou. Destacando que as mudanças sociais e econômicas ocorridas nos últimos tempos levaram a um aumento dos questionamentos sobre os organismos multilaterais, Macri ressaltou a importância de se buscar consensos. "Temos a obrigação de mostrar que desafios globais se resolvem com soluções globais", enfatizou.
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A mesma posição foi adotada pelos presidentes dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), que defenderam o multilateralismo nas relações comerciais, e a OMC como principal fórum para resolver conflitos. Em reunião realizada antes da abertura do evento, os líderes apoiaram ainda a reforma do Fundo Monetário Internacional (FMI), para que os países emergentes ganhem peso na instituição, e discutiram temas como o terrorismo, os refugiados e a recente volatilidade do mercado financeiro, de acordo com uma porta-voz do governo brasileiro e com o comunicado oficial divulgado após o encontro.
O presidente Michel Temer afirmou que "não existe sistema perfeito", mas disse que a alternativa traz o risco protecionista, "em que todos perdem no final". "O caso do comércio internacional é emblemático. É evidente que não existe sistema perfeito. A persistência de distorções no comércio de bens agrícolas é exemplo eloquente deste fato", disse, em um discurso na segunda sessão plenária da reunião.
"Esta é a mensagem que o Brasil renova aqui: mensagem de inequívoco apoio ao sistema multilateral de comércio e a seu mecanismo de solução de controvérsias; mensagem de firme compromisso com a abertura e com o primado do direito também no plano internacional", disse. O presidente eleito, Jair Bolsonaro, porém, na mesma linha de Trump, também já demonstrou mais simpatia por acordos bilaterais de comércio.
Barreira
Por conta da posição dos Estados Unidos, a avaliação é que será complicado encontrar um consenso para a declaração final da reunião. Autoridades europeias disseram à agência Associated Press que os EUA estavam ontem bloqueando o progresso na reunião em temas como regras do comércio mundial, combate às mudanças climáticas e imigração.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.