O Parlamento britânico acusou nesta quarta-feira (5) a rede social Facebook de dar a empresas como Netflix acesso preferencial aos dados de seus usuários, inclusive depois de ter tornado mais rígidas suas normas de privacidade em 2014-2015.
O comitê sobre mídias do Parlamento britânico publicou mais de 200 páginas de e-mails internos do Facebook, que obteve enquanto investigava a forma como a companhia foi utilizada para influenciar os resultados eleitorais em vários países.
Esses e-mails aparecem em um processo contra o Facebook na Califórnia pela agora extinta empresa de criação de aplicativos Six4Three.
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Segundo o presidente do comitê, Damian Collins, essas comunicações entre Facebook e Six4Three não deixam claro se os usuários sabiam que estavam utilizando suas listas de amigos e outras informações privadas.
"O Facebook realizou claramente acordos com certas companhias, o que significa que depois das mudanças na plataforma em 2014-2015 mantiveram o acesso completo aos dados dos amigos", escreveu Collins.
"A ideia de vincular o acesso aos dados ao valor financeiro da relação entre os desenvolvedores e o Facebook aparece como um recurso recorrente nesses documentos", acrescentou.
O Facebook disse em um comunicado transmitido à AFP, que os e-mails da Six4Tree "são apenas parte da história e são apresentados de forma muito enganosa fora de contexto".
Defesa
"Nunca vendemos dados a ninguém", reagiu o fundador e presidente do Facebook, Mark Zuckerberg, em uma mensagem postada na rede social.
"Naturalmente, não deixamos que todo mundo possa desenvolver [aplicativos] em nossa plataforma (...) Bloqueamos muitos aplicativos", acrescentou.
O gigante de mídia social dos EUA lançou uma campanha pública em 2014 para acalmar as preocupações dos usuários sobre o vazamento de seus dados.
Mas esses e-mails sugerem que o Facebook seguiu uma política de vender informações para um seleto grupo de grandes desenvolvedores de aplicativos, mesmo depois que as mudanças na plataforma foram totalmente implementadas em 2015.
O diretor de plataformas e programas do Facebook, Konstantinos Papamiltiadis, disse à AFP na semana passada que a empresa "nunca vendeu dados de ninguém".