Parlamentares iraquianos exigiram nessa quinta-feira (27), que as tropas americanas deixem o Iraque após a passagem do presidente dos EUA, Donald Trump, pelo país. Para eles, a visita foi arrogante e violou a soberania iraquiana. Políticos de todos os espectros do Parlamento pediram uma votação sobre o tema em uma sessão extraordinária - ainda a ser marcada.
Trump visitou soldados americanos nessa quarta-feira (26) e deveria ter tido uma reunião com o primeiro-ministro iraquiano, Adel Abdul Mahdi, o que não aconteceu em razão de um desentendimento entre os dois. Segundo os EUA, "por razões de segurança". Para o Iraque, "porque não houve acordo".
Sabah al-Saadi, líder do bloco parlamentar Islah, pediu uma sessão de emergência do Parlamento. Segundo ele, os políticos de seu país devem "deter" as ações "agressivas" de Trump que, para ele, deveria conhecer seus limites. "A ocupação dos EUA no Iraque acabou", disse.
O bloco Bina, rival do Islah no Parlamento, comandado pelo líder miliciano Hadi al-Amiri, apoiado pelo Irã, também se opôs à viagem de Trump. "A visita é uma violação flagrante e clara das normas diplomáticas e mostra seu desdém e hostilidade no trato com o governo do Iraque", afirmou Amiri, em comunicado.
O gabinete de Abdul Mahdi informou que as autoridades dos EUA comunicaram à liderança iraquiana sobre a visita presidencial com antecedência. O comunicado explica que o premiê iraquiano e o presidente americano conversaram por telefone e não se encontraram pessoalmente em razão de um "desentendimento sobre como realizar a reunião".
Parlamentares iraquianos disseram que os dois não concordaram com o local onde o encontro deveria ocorrer - Trump pediu que fosse na base militar Al-Assad, o que Abdul Mahdi recusou.
Embora não tenha mais havido episódios de violência em grande escala no Iraque desde que o Estado Islâmico sofreu uma série de derrotas, no ano passado, cerca de 5,2 mil soldados dos EUA treinam forças iraquianas ainda envolvidas em uma campanha contra o grupo.
Tropas
Os EUA retiraram suas tropas do Iraque em 2011, após a invasão de 2003, sob o governo de George W. Bush. No entanto, elas retornaram em 2014 a convite do governo iraquiano, como apoio para combater o EI. Mas, após militantes terroristas serem expulsos, políticos e milicianos têm defendido o fim da presença americana no Iraque.
A contenção da influência estrangeira se tornou uma questão crucial este ano, após partidários do clérigo populista Moqtada al-Sadr conquistarem a maior parcela de votos nas eleições de maio.
A visita de Trump ocorreu menos de uma semana depois de o presidente determinar a retirada dos soldados americanos da Síria e causar uma revolta interna no seu governo que levou ao pedido de demissão de seu secretário de Defesa, James Mattis. Trump defendeu a manutenção das tropas no Iraque, caso seja necessário agir na Síria. (Com agências internacionais).
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.