TAIWAN

China não renunciará ao uso da força militar para conter separatistas em Taiwan

Taiwan e a China continental são governadas em separado desde 1949, quando acabou a guerra civil chinesa, e os comunistas chegaram ao poder em Pequim

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Publicado em 02/01/2019 às 7:46
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Taiwan e a China continental são governadas em separado desde 1949, quando acabou a guerra civil chinesa, e os comunistas chegaram ao poder em Pequim - FOTO: Foto: AFP
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A China não renunciará ao uso da força militar como opção para combater as forças separatistas em Taiwan - declarou o presidente Xi Jinping, nesta quarta-feira (2), insistindo em que a China "será reunificada".

Pequim "se reserva a opção de tomar todas as medidas necessárias" contra as "forças externas" que interfiram na reunificação pacífica e contra as atividades separatistas de Taiwan, advertiu o presidente chinês em discurso no Palácio do Povo, em Pequim.

"Estamos dispostos a criar amplo espaço para a reunificação pacífica, mas não deixaremos espaço para qualquer forma de atividade separatista", disse.

O pronunciamento aconteceu pelo 40º aniversário de uma mensagem enviada a Taiwan, em 1979. Nela, o governo da China reivindicava a unificação e o fim da confrontação militar.

Taiwan e a China continental são governadas em separado desde 1949, quando acabou a guerra civil chinesa, e os comunistas chegaram ao poder em Pequim.

As autoridades chinesas veem a ilha como uma de suas províncias e pedem uma "reunificação" de ambos os lados do estreito.

Taiwan se considera um Estado soberano, com sua própria moeda e sistemas político e judiciário, mas nunca declarou a independência formalmente.

Apesar da melhora das relações entre a ilha e o continente nos últimos 40 anos, Pequim continuou ameaçando recorrer à força para restabelecer sua soberania, caso Taiwan a proclame formalmente, ou em caso de intervenção externa.

"A independência de Taiwan levará apenas a um beco sem saída", advertiu Xi. "A China deve ser reunificada e será", frisou.

Tensão entre a ilha e a China continental

Pequim se opõe, em particular, à atual presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen. Desde sua chegada ao poder, em 2016, ela se nega a reconhecer o princípio de unidade entre a ilha e a China.

Alguns membros do Partido Democratico Progressista (PDP), o partido de Tsai, pedem a independência formal da ilha, cujo nome oficial continua sendo República da China.

"Afastar-se do princípio de uma única China levaria à tensão e ao caos nas relações para ambos os lados do estreito e prejudicaria os interesses vitais dos compatriotas de Taiwan", indicou Xi Jinping.

"Nunca deixaremos nenhum espaço para as ações separatistas a favor da independência de Taiwan", advertiu.

Para chegar a um "consenso" sobre a reunificação, Xi Jinping pediu diálogo entre todas as partes, mas tendo o reconhecimento prévio do "princípio de uma única China".

Segundo o sinólogo Jean-Pierre Cabestan, da Universidade Batista de Hong Kong, um diálogo como esse "excluiria muita gente", começando pelo PDP de Tsai.

"Em resumo, Xi declara estar disposto a negociar, a oferecer muitas coisas, mas, primeiro, tem que capitular (...) Não pode ser, não funcionará", afirma.

De acordo com Cabestan, o discurso de Xi, "com seu tom ameaçador", pode ter o efeito contrário e provocar os taiwaneses. O especialista aponta que o poder chinês quer afastar os eleitores do PDP em favor do Kuomintang (KMT), um partido considerado mais favorável à reunificação chinesa.

"Mas, mesmo que o KMT volte ao poder (...), não haveria mandato para negociar um acordo de reunificação", acrescenta o especialista.

Em seu discurso, Xi Jinping não estabeleceu uma data para conseguir a reunificação, mas fez um paralelo com o apelo por um "grande renascimento nacional". O objetivo é transformar a China em uma grande potência nos próximos anos.

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