CRISE POLÍTICA

Confira como os países se posicionaram sobre a Venezuela

O país enfrenta uma intensa crise política, marcada por atritos entre chavistas e opositores, além do questionamento da legitimidade de Nicolás Maduro na presidência

JC Online com AFP
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Publicado em 24/01/2019 às 9:33
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O país enfrenta uma intensa crise política, marcada por atritos entre chavistas e opositores, além do questionamento da legitimidade de Nicolás Maduro na presidência - FOTO: Foto: AFP
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Esse ano, Nicolás Maduro assumiu um segundo mandato de seis anos sob uma sombra de ilegitimidade, aumentando o isolamento internacional da Venezuela. Com a crescente crise política enfrentada pelo país, nesta quarta-feira (23), o líder oposicionista Juan Guaidó decidiu se autoproclamar presidente interino da Venezuela, mais um agravante para a tensão política no país. 

Diante das fortes tensões internas e embates políticos entre chavistas e oposicionistas, muitos líderes mundiais, de dentro e de fora da América Latina, se posicionaram em relação a atitude de Guaidó e ao governo de Maduro. Entre apoios, críticas e neutralidades, confira como cada país se pronunciou até agora:

Brasil

O Brasil reconhece o presidente interino autoproclamado da Venezuela, Juan Guaidó, mas descarta participar de uma eventual ação militar para remover o regime do presidente Nicolás Maduro,declarou nesta quarta-feira o vice-presidente Hamilton Mourão.

"O Brasil não participa de intervenção. Não é da nossa política externa intervir nos assuntos internos de outros países", disse o general Mourão, que ocupa a presidência na ausência de Jair Bolsonaro, que participa do Fórum Econômico Mundial de Davos.

O Itamaraty anunciou que o Brasil "apoiará política e economicamente o processo de transição para que a democracia e a paz social retornem à Venezuela". Segundo Mourão, o apoio político é "exatamente a decisão que foi tomada pelo presidente" de reconhecer Guaidó como o novo líder da Venezuela.

Diante do eventual aumento do número de refugiados venezuelanos, Mourão declarou: "Estamos preparados. Estamos recebendo todo mundo lá (em Roraima). O pessoal do Exército está desdobrado lá. Nós montamos um campo de acolhimento, com todas as normas internacional. Outras organizações também estão participando. Então tem condições, né? Estão entrando em torno de 400, 500 pessoas por dia. Já teve dia que entrou 800".

Estados Unidos

O departamento americano de Estado declarou nesta quarta (23) que o governo de Nicolás Maduro não tem autoridade para romper relações diplomáticas com os Estados Unidos. "Os Estados Unidos não reconhecem o regime de Maduro como governo da Venezuela".

Maduro anunciou nesta quarta o rompimento das relações com os Estados Unidos, após o governo Trump reconhecer o líder do Legislativo, Juan Guaidó, como presidente interino do país. "Decidi romper relações diplomáticas e políticas com o governo imperialista dos Estados Unidos. Fora! Vão embora da Venezuela, aqui há dignidade, caralho!", disse Maduro, que deu 72 horas para a saída dos diplomatas americanos do país.

Em meio à polêmica, Washington advertiu que "os Estados Unidos vão adotar as medidas apropriadas para responsabilizar qualquer um que coloque em risco nossa missão (diplomática) e seu pessoal". Em comunicado a todas as embaixadas, Guaidó declarou "a todos os chefes de missão diplomática e suas equipes creditadas na Venezuela que o Estado da Venezuela deseja firmemente que mantenham a sua presença diplomática em nosso país".

Cuba

O governo cubano expressou seu "firme apoio" ao seu aliado, Nicolás Maduro, presidente da Venezuela, diferentemente de mais de uma dezena de países latino-americanos, que reconheceram o líder do Parlamento venezuelano, o opositor Juan Guaidó, como "presidente encarregado".

"Nosso apoio e solidariedade ao presidente Nicolás Maduro ante as tentativas imperialistas de desacreditar e desestabilizar a Revolução Bolivariana", escreveu no Twitter o presidente cubano, Miguel Díaz-Canel. Paralelamente, o chanceler Bruno Rodríguez também declarou seu "firme apoio" e considerou a autoproclamação de Guaidó uma "tentativa golpista".

"A vontade soberana do povo da Venezuela prevalecerá ante a intervenção imperialista. A história vai julgar quem incentiva e reconhece a usurpação golpista", acrescentou o ministro das Relações Exteriores da ilha comunista.

No começo dos anos 2000, a Venezuela, com Hugo Chávez como presidente, se tornou um importante parceiro econômico e político de Cuba, que ainda estava abalada com a queda de seu principal comprador, a União Soviética.

China

A China declarou, nesta quinta-feira (24), que se opõe à interferência externa nos assuntos internos da Venezuela. "A China defende o princípio de não-interferência nos assuntos políticos internos de outros países, e se opõe à interferência na Venezuela de forças externas", afirmou a porta-voz do ministério das Relações Exteriores, Hua Chunying, em entrevista coletiva.

A China é o principal credor da Venezuela, cujo presidente, Nicolás Maduro, visitou o país em setembro e assinou vários acordos econômicos com o gigante asiático. A porta-voz do ministério assegurou que seu país "acompanha com atenção a situação na Venezuela" e fez um chamado à "racionalidade e à calma" no país sul-americano.

França

O presidente francês Emmanuel Macron elogiou nesta quinta-feira a "coragem de centenas de milhares de venezuelanos que caminham pela liberdade diante da eleição ilegítima de Nicolás Maduro" e assegurou que a Europa apoia a restauração da democracia na Venezuela.

"Após a eleição ilegítima de Nicolás Maduro em maio de 2018, a Europa apoia a restauração da democracia, aplaude a coragem de centenas de milhares de venezuelanos que caminham por sua liberdade", escreveu Macron em um tuíte em francês e espanhol.

No entanto, o presidente francês não reconheceu explicitamente Guaidó como presidente interino.

Espanha

As eleições são a única saída possível para resolver a crise na Venezuela depois da autoproclamação na quarta-feira do líder da oposição Juan Guaidó como presidente interino, afirmou nesta quinta-feira o ministro das Relações Exteriores espanhol, Josep Borrel. 

"Temos que evitar que as coisas piorem e isso, sem dúvida, requer um processo de intervenção para garantir a única saída possível que são as eleições", disse Borrell à imprensa.

Equador

"A República do Equador reconhece como presidente interino da Venezuela o senhor presidente da Assembleia Nacional, Juan Guaidó", assinalou o presidente do Equador, Lenín Moreno, por meio de um vídeo divulgado em sua conta do Twitter. Moreno, que está no Fórum Econômico Mundial de Davos, confiou que Guaidó "convocará o mais breve possível eleições livres e transparentes, com ampla observação internacional".

Costa Rica

Também de Davos, na Suíça, o presidente costa-riquenho Carlos Alvarado declarou pelo Twitter que "a Costa Rica reconhece a proclamação do senhor Juan Guaidó com presidente interino da Venezuela". E acrescentou: "advogamos pelo diálogo, pela paz e por novas eleições livres".

Guatemala 

Através da chanceler da Guatemala, Sandra Jovel, o governo reconheceu o opositor Guaidó. "A Guatemala reconhece o Presidente da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, como Encarregado Interino da Presidência da Venezuela e manifesta o seu apoio", assinalou Jovel pelo Twitter.

O anúncio do governo guatemalteco foi precedido por uma manifestação de dezenas de venezuelanos diante da embaixada de seu país na Cidade da Guatemala em rechaço à gestão de Nicolás Maduro e para celebrar a autoproclamação de Guaidó.

México

O governo do México disse nesta quarta-feira (23) que ainda reconhece o governo de Nicolás Maduro depois que o presidente do Parlamento venezuelano, Juan Guaidó, se autoproclamou presidente interino.

"Até onde estamos, (o posicionamento do México) é de que nós reconhecemos as autoridades eleitas de acordo com a Constituição venezuelana", disse à AFP o porta-voz da Presidência mexicana, Jesús Ramírez. "O governo mexicano analisa a situação na Venezuela. Até o momento não há nenhuma mudança em suas relações diplomáticas com esse país, nem com o seu governo", escreveu depois Ramírez no Twitter.

O presidente López Obrador tem dito que busca o diálogo, mas que não vai condenar um governo estrangeiro e não se intrometerá em assuntos internos de outros países, citando o princípio de política externa de seu país de "não intervenção". Seguindo esta postura, o México evitou assinar uma declaração do Grupo de Lima, no começo do ano, que pedia a Maduro para não assumir um novo mandato em 10 de janeiro.

Colômbia

"A Colômbia reconhece Juan Guaidó como presidente da Venezuela e acompanha este processo de transição para a democracia para que o povo venezuelano se liberte da ditadura", declarou o presidente colombiano, antes de os demais dirigentes também fazerem declarações de reconhecimento ao opositor venezuelano.

Canadá

A chanceler do Canadá, Chrystia Freeland, por sua vez, afirmou que seu país "apoia a Presidência interina da Venezuela, assumida pelo presidente da Assembleia Nacional, Juan Guaidó".

Chile

O Chile também reconheceu Guaidó como presidente interino da Venezuela. "Decidimos reconhecer esta Presidência como administrada por Juan Guaidó e queremos expressar nosso total apoio em sua importante missão para avançar na recuperação da democracia, do Estado de direito e das liberdades em um país irmão como a Venezuela", disse o presidente chileno, Sebastián Piñera, em declaração pública.

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