O general da divisão da Aviação venezuelana Francisco Yánez não reconheceu o presidente Nicolás Maduro em um vídeo divulgado neste sábado (2) nas redes sociais, convertendo-se no militar na ativa de mais alto escalão a reconhecer o autoproclamado presidente interino Juan Guaidó.
"Me dirijo a vocês para informá-los que não reconheço a autoridade ditatorial e autoritária de Nicolás Maduro e reconheço o deputado Juan Guaidó como presidente interino da Venezuela", declarou Yánez, que aparece uniformizado no vídeo, feito em um local desconhecido.
MAS PRONUNCIAMIENTOS Hace un llamado el G/D Francisco Esteban Yánez Rodríguez (7.101.984) Pdte. d la Junta Permanente de Evaluación d la Comandancia General d la Aviación Militar Bolivariana. Reconociendo a @jguaido como Presidente y hace un llamado a desconocer a @NicolasMaduro pic.twitter.com/WkR8sIRMza
— Sol Rojas (@sol651) 2 de fevereiro de 2019
Yánez, diretor de Planejamento Estratégico do alto comando da Aviação Bolivariana, na base aérea de La Carlota, no leste de Caracas, assegurou que "90% da Força Armada Nacional Bolivariana (FAN) não estão com o ditador, estão com o povo da Venezuela".
"Com os acontecimentos das últimas horas, a transição à democracia é iminente, continuar mandando a Força Armada seguir reprimindo o nosso povo é continuar com as mortes de fome, de doenças e, Deus me livre, de combates entre nós mesmos", advertiu.
Segundo o general Yánez, "companheiros democratas" do grupo aéreo presidencial lhe informaram que "o ditador tem todos os dias dois aviões prontos". "Que vá embora!", enfatizou. "É um duro golpe para a FANB, embora não tenha comando", disse à AFP a especialista em questões militares Rocía San Miguel.
Guaidó, que neste sábado comandará uma manifestação exigindo a saída de Maduro do poder, oferece anistia aos militares que tentarem quebrar o principal apoio do governo, a Força Armada. "Convido todo o povo da Venezuela a sair pacificamente às ruas e defender o nosso presidente Juan Guaidó. Aos meus companheiros de armas, peço que não deem as costas ao povo da Venezuela, não reprimam mais", acrescentou.
A cúpula da Força Armada declarou em várias ocasiões sua lealdade absoluta ao presidente, mas a instituição mostra fissuras. Em 21 de janeiro, dois dias antes de Guaidó se autoproclamar presidente interino, 27 militares da Guarda Nacional se rebelaram contra Maduro, e após se entrincheirarem em um quartel de Caracas, foram detidos.
Essa rebelião fez explodir surtos de violência, com pequenos protestos e roubos, que deixaram em uma semana 40 mortos e 850 detidos, segundo relatórios da ONU.
A ONG Controle Cidadão, presidida por San Miguel, calcula que 180 efetivos tenham sido detidos em 2018 acusados de conspirar, e 10.000 membros da Força Armada tenham pedido baixa desde 2015.
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EUA
Os Estados Unidos pediram nessa quinta-feira (31) aos países europeus que sigam seu exemplo e reconheçam rapidamente o líder do Parlamento venezuelano Juan Guaidó como presidente interino do país.
"Nós encorajamos todos os governos da Europa a apoiar o povo da Venezuela e o governo de transição na Venezuela reconhecendo Juan Guaidó como presidente interino", disse a secretária de Estado para Assuntos do Hemisfério Ocidental, Kimberly Breier.
Breier observou que mais de 20 países já reconheceram Guaidó, que se declarou presidente interino após a Assembleia Nacional (parlamento) declarar como "usurpador" o presidente Nicolás Maduro