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Venezuelanos usam 'rotas alternativas' na fronteira para chegar ao Venezuela Aid Live

Partindo de San Antonio, grupos caminham por trilhas em direção a Cúcuta, na Colômbia, para assistir ao evento a favor da ajuda para seu país

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Publicado em 22/02/2019 às 20:26
Foto: LUIS ROBAYO / AFP
Partindo de San Antonio, grupos caminham por trilhas em direção a Cúcuta, na Colômbia, para assistir ao evento a favor da ajuda para seu país - FOTO: Foto: LUIS ROBAYO / AFP
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Partindo do povoado de San Antonio, na fronteira com a Colômbia, grupos de amigos caminham por trilhas portando bandeiras da Venezuela em direção a Cúcuta, do outro lado da divisa, para assistir ao evento a favor da ajuda internacional para seu país.

"É emocionante. Temos a atenção do mundo", disse à AFP Aura Vargas, uma advogada de 40 anos que agradeceu ao apoio de artistas internacionais à iniciativa de Juan Guaidó, autoproclamado presidente interino do país. 

Durante a caminhada de 10 km, Aura e seus companheiros de viagem passaram em frente ao bloqueio feito por militares fortemente armados na ponte de Tienditas, que liga os dois países e que será palco de um evento musical organizado pelo governo de Nicolás Maduro contra o que "intervencionismo" externo.

Já do lado colombiano acontece o show organizado pelo magnata britânico Richard Branson, com o grupo argentino Maná e o espanhol Alejandro Sanz, entre outros artistas.

"É urgente"

"Tem muita gente que está morrendo. Pessoas com câncer, com doenças graves, estão praticamente condenadas", lamentou Magdalena Valero, de 64 anos, ao citar à escassez de remédios, um dos sintomas mais graves da crise econômica da Venezuela. 

"A ajuda humanitária é urgente", acrescentou Magdalena antes de seguir por uma das trilhas que cortam a fronteira, perto de Tienditas.

Maduro recusa a assistência internacional por considerá-la como o começo de uma invasão militar liderada pelos Estados Unidos para derrubá-lo. Já Guaidó desafia o governo chavista ao defender a entrada da ajuda no país, custe o que custar.

Antonio Mendoza, de 35 anos, que caminhava com a esposa e filhos, acredita que o show no lado colombiano da fronteira servirá de instrumento de pressão para liberar o ingresso no país da ajuda humanitária. "Sería um éxito para todos", destacou.

"Sim, é possível!", gritavam cerca de vinte pessoas enquanto cruzavam o rio Táchira, uma das barreiras naturais entre os dois países. 

Apesar das passagens de pedestres oficiais que ligam as cidades venezuelanas de San Antonio e Ureña com Cúcuta estarem funcionando normalmente, muitas pessoas optaram pelas rotas alternativas para evitar aglomerações e os postos de controle.

Cerca de 40 mil venezuelanos atravessam diariamente os postos oficiais na fronteira com a Colômbia e Brasil para comprar remédios e outros produtos escassos na Venezuela. Para deixar o país por esses locais, é necessário ter passaporte ou uma permissão especial emitida pelo.

Segundo a ONU, desde 2015, cerca de 2,7 milhões de venezuelanos abandonaram o país por conta da crise econômica

"Chantagem"

Do lado venezuelano, várias pessoas chegaram no início da tarde ao local do evento do governo portando cartazes e gritando palavras de ordem contra a oposição e de apoio a Maduro. Apesar da movimentação, ninguém sabia quem iria se apresentar no show.

"É uma surpresa", disse o dirigente chavista Darío Vivas, ao garantir que o evento contará com muitos artistas. Apesar do otimismo, o político acusou grupos econômicos de fazerem "chantagem" contra os músicos convidados para a apresentação.

No meio dessa disputa política, muitos moradores que ficaram em San Antonio e Ureña acompanham através de aparelhos de televisão que captam emissoras colombianas o evento realizado do outro lado da fronteira.

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