Venezuela

Guaidó aposta na pressão internacional contra Maduro após operação de ajuda frustrada

Autoproclamado presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó, se prepara para participar da reunião do Grupo de Lima

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Publicado em 24/02/2019 às 16:04
AFP
Autoproclamado presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó, se prepara para participar da reunião do Grupo de Lima - FOTO: AFP
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O opositor Juan Guaidó confia agora na pressão internacional para afastar do poder o presidente Nicolás Maduro, após a tentativa frustrada de levar ajuda à Venezuela no sábado, uma jornada que terminou com dois mortos e centenas de feridos na fronteira com a Colômbia.

O autoproclamado presidente interino do país se prepara para participar na reunião do Grupo de Lima, programada para segunda-feira em Bogotá, com a presença do vice-presidente dos Estados Unidos, Mike Pence. 

Depois de falhar em sua convocação para levar alimentos e remédios para atenuar a pior crise na história moderna da Venezuela, o jovem presidente do Parlamento comparecerá à reunião convocada em 14 de fevereiro porque considera que "a pressão interna e externa são fundamentais para a libertação" do país.

Guaidó pediu à comunidade internacional que deixe "abertas todas as opções para obter a libertação".

Neste domingo o secretário de Estado americano, Mike Pompeo, afirmou que os dias de Maduro "estão contados", mas não citou uma data exata.

Guaidó foi reconhecido por 50 países como presidente encarregado da Venezuela.

O líder opositor, que está na Colômbia desde sexta-feira, antecipou que em Bogotá vai discutir com os chanceleres das 14 nações do Grupo de Lima "possíveis ações diplomáticas" contra Maduro.

Esta será a primeira vez que o Grupo de Lima, criado em 2017 para promover uma solução para a crise e que se reuniu pela última vez em 4 de fevereiro em Ottawa, vai deliberar diretamente com Guaidó.

"O legítimo governo da Venezuela se integra formalmente ao Grupo de Lima", destacou o presidente colombiano, Iván Duque.

Tensão controlada 

O presidente colombiano visitou neste domingo as pontes internacionais Simón Bolívar e Francisco de Paula Santander, epicentros dos violentos confrontos de sábado.

Dezenas de venezuelanos que atravessaram a fronteira para participar na caravana ficaram retidos. Do lado colombiano, há uma forte presença policial em um ambiente de tensão. 

No lado venezuelano novos episódios de uso de gás lacrimogêneo foram registrados.

Os confrontos entre manifestantes e as forças de segurança deixaram 285 feridos na Colômbia, incluindo 255 venezuelanos, e dois mortos no estado de Bolívar, limítrofe com o Brasil. Além disso, dois caminhões com insumos foram queimados na ponte internacional Francisco de Paula Santander.

O presidente chavista não aceita a entrada de assistência por considerá-la um pretexto para uma intervenção militar americana. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse que não descarta nenhuma opção na Venezuela.

Estados Unidos, União Europeia e vários países latino-americanos condenaram os ataques a civis.

O governo do Brasil se uniu às críticas aos confrontos e chamou Madurdo de "ditador". 

Dois sargentos venezuelanos pediram refúgio no Brasil no sábado à noite, informou neste domingo à AFP o coronel Georges Feres Kanaan, membro da Operação Acolhida que atende migrantes do país caribenho na fronteira entre os países.

A União Europeia (UE) condenou os atos de violência e o uso de "grupos armados" na Venezuela pelo governo de Maduro para impedir a entrada de ajuda humanitária ao país. Também criticou "a recusa do regime a reconhecer a urgência humanitária, que conduz a uma escalada das tensões".

Asfixiada pela falta de produtos básicos e uma hiperinflação, a crise econômica provocou a saída de 2,7 milhões de pessoas da Venezuela desde 2015, segundo a ONU.

"Enfraquecido" 

Analistas consideram que Guaidó sai enfraquecido da disputa de sábado, apesar das deserções de mais de 100 militares e policiais venezuelanos, que atravessaram a fronteira para o lado colombiano.

Os analistas apontam que Maduro pretendia testar a unidade do comando das Forças Armadas, principal base de apoio de seu governo.

"Guaidó sai enfraquecido porque depois do ocorrido não está muito claro que o apoio que tem em seu território é muito grande", disse o professor de Relações Internacionais Rafael Piñeros. 

O opositor afirmou no sábado que tinha um milhão de voluntários dispostos a participar na caravana para transportar e proteger a ajuda, mas a participação foi muito menor. Em Caracas, milhares de opositores do chavismo protestaram diante de um aeroporto militar, enquanto Maduro discursou para milhares de simpatizantes.

Guaidó entrou na Colômbia na sexta-feira, apesar de uma restrição da justiça ligada ao chavismo que impedia a sua saída do país, e não se sabe como retornará ao território venezuelano.

A tentativa de transportar ajuda a partir da Colômbia levou Maduro a romper relações com Bogotá, praticamente congeladas desde 2017. 

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