ESTADO ISLÂMICO

Intensos combates para expulsar o EI de seu último reduto na Síria

Depois de uma ascensão meteórica em 2014 e a proclamação de um "califado" entre o Iraque e a Síria, o EI começou a perder territórios

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Publicado em 02/03/2019 às 11:20
Foto: Delil SOULEIMAN / AFP
Depois de uma ascensão meteórica em 2014 e a proclamação de um "califado" entre o Iraque e a Síria, o EI começou a perder territórios - FOTO: Foto: Delil SOULEIMAN / AFP
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As forças curdo-árabes travavam, neste sábado (2), duras batalhas contra o grupo jihadista Estado Islâmico (EI), que defende o seu último reduto na Síria, no segundo dia da batalha para acabar com o "califado" autoproclamado pela organização ultrarradical.

Depois de uma ascensão meteórica em 2014 e a proclamação de um "califado" entre o Iraque e a Síria, o EI perdeu seus territórios, e esta última batalha marca o início do fim territorial do grupo jihadista.

Cercados há semanas em seu último reduto, na província oriental de Deir Ezzor, na Síria, os últimos combatentes do EI estão entrincheirados em túneis, em meio a um oceano de minas na periferia leste da cidade de Baghuz, na margem leste do Eufrates, não muito longe da fronteira iraquiana. 

As Forças Democráticas Sírias (FDS), que lideram a guerra contra o EI na Síria, conduzem esta última batalha para selar o fim do "califado" da organização extremista, acusada de perpetrar crimes contra a humanidade.

"Neste momento há intensos combates", disse à AFP um membro das FDS, que controlam a maior parte de Baghuz.

"Nossas forças estão avançando em duas frentes" e progrediram "quase um quilômetro" em uma zona intermediária que as separa do reduto jihadista, acrescentou.

Três membros dessa força ficaram feridos, indicou outra fonte das FDS.

'Surpresas'?

"Não podemos estabelecer um cronograma para esta batalha, duas semanas, três semanas ou uma semana, isso dependerá das surpresas que encontrarmos ao longo do caminho", declarou Adnan Afrin, porta-voz das FDS, à AFP.

"Aqueles que não se renderem, seu destino será a morte", acrescentou.

Em um vídeo compartilhado neste sábado pela aliança curdo-árabe, homens armados pareciam escolher onde morar em um prédio abandonado.

Em outro vídeo transmitido no dia anterior, alguns combatentes avançavam na escuridão com o barulho de tanques e tiros ao fundo.

O Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH) confirmou neste sábado o avanço das forças anti-jihadistas no terreno.

Mesmo assim, ainda há "numerosos túneis" e jihadistas armados com "cinturões explosivos", segundo um comandante, que disse esperar que haja inúmeros ataques suicidas.

Para resistir, "o EI tem seus franco-atiradores, bombas e minas", explicou.

Apoiadas por uma coalizão internacional liderada pelos Estados Unidos, as FDS, implicadas desde setembro nesta ofensiva contra a última fortaleza do EI, teve que suspender as operações há mais de duas semanas para proteger os civis.

Milhares de pessoas, especialmente mulheres e crianças, deixaram a localidade desde então. Desde dezembro, cerca de 53.000 pessoas, incluindo mais de 5.000 jihadistas, deixaram o setor, segundo o OSDH.

Na quinta-feira, um porta-voz das FDS, Mustafa Bali, disse que os civis "que ainda estavam lá dentro não querem sair", segundo explicaram alguns civis evacuados.

Se mais civis detidos pelo EI form encontrados, o ataque em andamento poderia ser interrompido.

Clandestinidade 

A grande maioria dos civis evacuados foi levada para o campo de deslocados de Al Hol, na província de Hassaké, mais ao norte, onde vivem em condições que as ONGs descreveram como "duras".

A ONU alertou que "mais [...] tendas, alimentos, água, equipamentos médicos e médicos são necessários".

A perda de Baghuz implicaria o fim territorial do "califado" do EI, mas o grupo já começou a se organizar clandestinamente.

Muitos combatentes fugiram para o deserto da Síria, que se estende do centro do país até a fronteira iraquiana, e continuam a cometer ataques mortais.

De acordo com Adnan Afrin, "o 'califado' desaparecerá geograficamente com o fim de Baghuz, mas ideologicamente e com células [dormentes], este não será o fim".

Além disso, sem um constante compromisso antiterrorista, o EI levaria entre seis e 12 meses para iniciar um "ressurgimento", alertou recentemente o Exército americano.

A guerra na Síria já deixou mais de 360.000 mortos e forçou milhões de pessoas ao exílio. 

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