Uma poderosa comissão parlamentar liderada pelos democratas lançou, nesta segunda-feira (4), uma extensa investigação sobre Donald Trump, na qual pediu documentos a 80 personalidades e organizações, incluindo dois filhos do presidente, Eric e Donald Jr., e seu genro Jared Kushner.
O Comitê Judiciário da Câmara de Representantes está investigando suspeitas de "obstrução da justiça, corrupção e outros abusos de poder pelo presidente Trump, seus associados e membros de sua administração", informou a comissão em um comunicado.
A investigação ampla pode abrir caminho para o impeachment, embora líderes democratas tenham prometido investigar todas as vias e revisar o relatório do conselho especial de Robert Mueller sobre a suposta interferência da Rússia na eleição presidencial norte-americana antes de tomar medidas drásticas.
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Investigação
A Casa Branca confirmou ter recebido carta do Comitê Judiciário da Câmara solicitando documentos relacionados à administração Trump, à família e aos negócios do presidente como parte de uma investigação sobre a Rússia. A secretária de imprensa da Casa Branca, Sarah Sanders, disse que o escritório do conselho da Casa Branca e autoridades competentes revisarão a carta e responderão no momento apropriado.
A comissão entrou em contato com 81 indivíduos e organizações, entre eles Allen Weisselberg, diretor financeiro da Trump Organization, com o advogado pessoal do presidente Jay Sekulow, ex-funcionários da Casa Branca como Steve Bannon, Sean Spicer e Hope Hicks, bem como o fundador do WikiLeaks, Julian Assange.
As investigações visam "apresentar o caso perante o povo americano", disse o legislador de Nova York na Câmara baixa do Congresso. "É muito claro que o presidente obstruiu a justiça", estimou Nadler, com base nas repetidas acusações de "caça às bruxas" lançadas por Trump contra o promotor especial Robert Mueller, que investiga um possível conluio entre a campanha do magnata republicano e a Rússia nas eleições de 2016.
Também provaria essa obstrução, disse o deputado, a demissão do diretor do FBI James Comey em maio de 2017, ligada, pelo menos em parte, ao caso russo.
O presidente, por sua vez, foi descrito de maneira muito desagradável nesta semana por seu ex-advogado Michael Cohen, que o acusou no Congresso de ser um "vigarista" que mantém ligações suspeitas com Moscou.
Durante seu depoimento, Cohen citou numerosos casos em que Trump se saiu mal, como um projeto imobiliário em Moscou, a compra do silêncio de ex-amantes e o conhecimento prévio que o magnata teria de revelações do WikiLeaks sobre sua adversária em 2016, Hillary Clinton.
Apesar dessa avalanche de confissões, os democratas parecem relutantes em jogar, por enquanto, a carta do processo de destituição do presidente ou "impeachment". "O caminho para o 'impeachment' ainda é longo", disse Jerry Nadler.