Protestos

Milhares de manifestantes e incidentes em Paris durante manifestação de 1º de maio

O clima esquentou na capital francesa quando a polícia recorreu ao gás lacrimogêneo para dispersar centenas de ''black blocs''

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Publicado em 01/05/2019 às 14:25
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O clima esquentou na capital francesa quando a polícia recorreu ao gás lacrimogêneo para dispersar centenas de ''black blocs'' - FOTO: ALAIN JOCARD / AFP
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Dezenas de milhares de manifestantes participaram, nesta quarta-feira (1), em Paris, da tradicional passeata do Dia do Trabalhador, marcada por confrontos, gás lacrimogêneo e detenções.

Cerca de 150.000 pessoas se mobilizaram em todo o país. Em Paris, foram cerca de 16.000, segundo contagem do ministério do Interior, e 40.000, de acordo com os meios de comunicação.

As tradicionais manifestações de 1º de maio, geralmente pacíficas e dedicadas a reivindicações salariais, aconteceram nesta quarta-feira sob tensão, principalmente na capital francesa.

O clima esquentou em Paris quando a polícia recorreu ao gás lacrimogêneo para dispersar centenas de "black blocs" - militantes anticapitalistas e antifascistas vestidos de preto e com o rosto coberto.

Um manifestante foi ferido na cabeça, segundo um jornalista da AFP.

Os enfrentamentos começaram às 11h00 GMT (8H00 de Brasília) perto do restaurante La Rotonde, que foi protegido com tapumes. 

Mais de 7.400 policiais e gendarmes foram mobilizados na capital francesa para as manifestações, onde acredita-se que haverá entre "1.000 e 2.000 militantes radicais", segundo o ministro do Interior, Christophe Castaner.

Desde a madrugada, vários policiais começaram a revistar pessoas aleatoriamente nas proximidades da estação de Saint-Lazare, no centro de Paris. 

O presidente Emmanuel Macron exigiu na terça-feira que a resposta aos "black blocs"  seja "extremamente firme" em caso de violência, após as chamadas nas redes sociais para transformar Paris na "capital dos distúrbios".

No ano passado, 1.200 militantes radicais mancharam a manifestação em Paris com atos violentos: lojas vandalizadas ou incendias, veículos queimados...

A polícia realizou mais de 200 detenções em Paris e efetuou 1.200 registros preventivos. 

Os bairros da Concordia e Champs-Elysees, onde se encontra o palácio presidencial e o Parlamento, foram completamente bloqueados pelas forças de segurança.

Ao cair da tarde, os incidentes continuavam em diversos pontos de Paris, mas distantes do centro. Alguns veículos foram queimados e a polícia continuava lançando gás lacrimogêneo para dispersar as concentrações, após o fim das passeatas oficiais, lideradas pelos líderes sindicais.

Philippe Martinez, secretário-geral da CGT, uma das maiores centrais sindicais francesas, teve que deixar os protestos ao ser atacado por elementos radicais, constatou um jornalista da AFP. 

A atenção se voltou nesta quarta para a capital, muitas vezes palco de incidentes desde o início dos protestos dos "coletes amarelos".

Esse movimento, que desde meados de novembro tem saído às ruas todos os sábados para protestar contra a política fiscal e social do governo, também esteve presente nesta quarta-feira. 

Ao longo dos meses, o movimento perdeu força à medida que se radicalizou, com violentos distúrbios à margem das manifestações.

 Sindicatos em busca de visibilidade

Entre os "black blocs" e os "coletes amarelos", os sindicatos esperam recuperar a visibilidade através de vários comícios e uma grande manifestação saindo de Montparnasse até a Place d'Italie, no sul da capital.

"O primeiro de maio tem que agrupar todos aqueles que vêm se manifestando há meses e meses (...) para dizer que a política social tem que ser mudada", disse Philippe Martinez.

Este 1º de maio deveria ser uma oportunidade para que os sindicatos, em um contexto político confuso.

"Defendemos nossas reivindicações há seis meses. Onde estavam os sindicatos durante todo esse tempo?", reclamou uma jovem vestida de colete amarelo em Montpellier (sul).

Em Marselha (sudeste), o líder da esquerda radical francesa, Jean-Luc Mélenchon, estimou que a situação na França "é algo sem precedentes".

Já a líder da extrema direita, Marine Le Pen, criticou duramente a União Europeia, que ela chamou de "imperial, hegemônica e totalitária", durante uma manifestação em Metz (norte).

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