SANÇÕES

Em queda de braço com Trump, China registra queda nas exportações

Depois de ter resistido bem no final de 2018, o comércio de Pequim agora sofre o impacto das sanções

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Publicado em 08/05/2019 às 10:18
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Depois de ter resistido bem no final de 2018, o comércio de Pequim agora sofre o impacto das sanções - FOTO: Foto: STR / AFP
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Às vésperas da retomada das árduas negociações comerciais com os Estados Unidos, a China divulgou nesta quarta-feira uma forte queda em abril para suas exportações, já ameaçadas por novas sanções norte-americanas.

Depois de ter resistido bem no final de 2018, o comércio de Pequim agora sofre o impacto das sanções, e em abril suas exportações caíram 2,7% em relação ao ano anterior, enquanto em março ainda estavam fortes (+ 14,2%), de acordo com a alfândega chinesa.

Os analistas consultados pela agência de informações financeiras Bloomberg haviam previsto essa queda em abril, mas não tão fortemente, já que suas estimativas apostavam em um crescimento moderado de 3%. 

Se apenas as exportações para os Estados Unidos forem levadas em conta, a queda foi de 13,2% em relação há um ano.

Estas estatísticas são divulgadas depois que Donald Trump ameaçou no domingo impor esta semana novas tarifas sobre produtos chineses importados em cerca de 200 bilhões de dólares.

Para tentar dissuadi-lo, o negociador chinês Liu He, considerado próximo do presidente Xi Jinping, deve retomar as negociações consideradas cruciais na quinta e na sexta-feira em Washington para determinar se um acordo entre os dois poderes é possível ou não.

"Se Trump executar suas ameaças, a situação da economia mundial mudará", afirma o economista Steven Cochrane, da Moody's. 

A diretora gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, também comentou que "as tensões entre os Estados Unidos e a China são uma ameaça à economia global".

Importações em alta

Ansiosos pelo resultado das negociações, as bolsas de valores chinesas, que afundaram na segunda-feira após as ameaças de Trump, caíram novamente nesta quarta-feira, com Xangai no vermelho de 1,12% e Hong Kong Kong registrando -1,23%.

Presa nesta disputa comercial, a China viu seu superávit comercial ceder mais da metade entre abril (13,8 bilhões de dólares) e março (32,64 bilhões de dólares). 

"Esperamos uma leve alta nas exportações em maio, mas continuarão fracas nos próximos meses, em torno de zero", adverte Lu Ting, economista do banco Nomura.

No entanto, o superávit com os Estados Unidos - eixo da disputa entre as duas primeiras economias mundiais - permaneceu estável em abril em 21 bilhões de dólares, contra 20,5 bilhões no mês anterior.

As importações para a China voltaram a subir em abril (+ 4%), após uma clara queda no mês passado (-7,6%), o que indica uma boa resistência da demanda doméstica. 

Mas não foi Washington que se aproveitou disso, já que suas exportações para a China caíram 25,7%, alarmando os agricultores e industriais americanos.

Para apoiar a economia, Pequim comprometeu-se em março a reduzir este ano cerca de 2 trilhões de iuanes (cerca de 296 bilhões de dólares) a carga tributária e os encargos sociais das empresas. 

Também incentivou os bancos a aumentarem seus empréstimos para pequenas empresas, até agora deixadas de lado em benefício de grandes grupos públicos.

O Banco Central da China (PBOC) vai, por outro lado, baixar a partir da próxima quarta-feira a percentagem de reservas obrigatórias para pequenos bancos, ou seja, a parte dos depósitos que devem ser mantidos nos seus cofres.

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