Theresa May deixa oficialmente nesta sexta-feira (7) a liderança do Partido Conservador e continuará no cargo de primeira-ministra do Reino Unido somente até que um sucessor seja eleito, o que deve acontecer até o fim de julho.
As avaliações da mídia e de consultorias sobre o fim do mandato de May são extremamente negativas. Depois de 2002, May era vista como uma espécie de reformadora, disposta a livrar os conservadores da imagem de reacionarismo tacanho e de partido fixado no enriquecimento dos ricos e na manutenção do poder da classe alta inglesa.
Quando então assumiu a chefia de governo em 2016, o discurso de May alimentou essa esperança, ao apontar injustiças e manifestar o desejo de que o Reino Unido seja um país governado para o bem de todos.
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O que May parece ter subestimado inteiramente foi o puro poder destrutivo do Brexit. Para manter sua base de poder no partido, ela se curvou desde cedo às exigências dos linhas-duras antieuropeus. Com isso, a premiê britânica esquecia que só estava defendendo a opinião de uma minoria do país e do Parlamento. Durante quase dois anos ela desperdiçou a oportunidade de explorar as possibilidades de acordos com a oposição trabalhista ou com o Partido Nacional Escocês (SNP), só começando a fazer isso no segundo trimestre de 2019, quando já era tarde demais.
Último ato
O triste final é conhecido. Ao fim de seu mandato, May teve que reconhecer que fracassou. A melhor avaliação que recebeu foi que tinha "se esforçado muito"; nenhuma corajosa reforma social, nenhuma iniciativa legislativa de futuro leva o nome dela, e o Brexit ficará para seu sucessor.